O secretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir),
Juvenal Araújo, disse hoje (20) que "precisamos cada vez mais de
políticas públicas e da responsabilização dos gestores. Só venceremos
essa barreira histórica de desigualdade por meio das políticas
públicas". O secretário participou do programa Por Dentro Do Governo,
transmitido pela TV NBR, data em que se comemora o Dia da Consciência Negra no Brasil.
Durante
a entrevista, o secretário respondeu perguntas sobre temas como
preconceito racial, cotas, intolerância religiosa. Araújo falou ainda
sobre a diferença que existe entre brancos e negros no Brasil: ” O povo
negro se mobiliza há muito tempo no Brasil. Zumbi [dos Palmares] é um
bom exemplo disso".
Com relação à intolerância religiosa, o
secretário falou sobre o preconceito para com as religiões de matriz
africana. “Hoje temos a Lei Nº 10.639 que determina que as escolas
lecionem história da África e a história afro-brasileira, o que não vem
sendo cumprido. Os professores defendem outra fé, se negam a cumprir a
lei. Além disso, existe demonização das religiões de matriz africana.
Não queremos ser tolerados, queremos o respeito da população!”, disse.
Mesmo
que o Brasil seja formado por uma população miscigenada, e, segundo a
Constituição, com direitos iguais, os dados mostram que a realidade está
distante deste ideal. De acordo com números do Atlas da Violência de
2017, de cada 100 pessoas assassinadas no país, 70 são negras, 61,6% da
população carceraria é constituída por pessoas de pele escura. Com
relação ao número de desempregados, 63,7% são de negros e pardos. Para a
classe alta, 1% da população rica do Brasil, apenas 2 em cada 10 tem a
pele negra.
No caso das mulheres, as negras são vítimas em 58,8%
dos casos de violência doméstica. Além disso, o analfabetismo é o
dobro, em comparação com as mulheres brancas. Apenas 27% tiveram
acompanhamento durante o parto. A estimativa sobe para 46,2% quando se
trata das mulheres de pele clara, segundo o Ministério da Saúde. No
mercado de trabalho, o cenário não é diferente. Segundo o Programa
Nacional de Pesquisas Contínuas (PNAD), diante de mulheres brancas com a
mesma instrução, na média salarial, as negras recebem 27% a menos.
“A
palavra ‘miscigenação’ é usada para falar de democracia. Mas não existe
isso no Brasil. A igualdade de oportunidades não existe entre negros e
brancos no nosso país. Somos separados pela cor da nossa pele”, explicou
Juvenal Araújo.
Para o secretário, além de todos esses
problemas, a políticas para cotas vem sendo atacada com descriminação e
as tentativas de fraudes na tentativa do ingresso à universidade. “As
cotas raciais no Brasil são muito importantes, porque mostrou suas
necessidades e eficiência. Hoje temos muito mais negros no ensino
superior. As universidades federais devem criar mecanismos de
verificação para coibir a tentativa de fraudes com relação a pessoas que
se dizem negras, mas que de fato não são”, disse.
Além de um
convite à reflexão sobre o racismo e suas consequências, o dia 20 de
novembro é lembrado pelos 322 anos da morte do líder quilombola Zumbi
dos Palmares, símbolo da resistência de negros e pardos brasileiros,
parcela que representa, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, 54% da população do país. A data não é um feriado nacional,
mas os estados de Alagoas, do Amapá, Amazonas, de Mato Groso, do Rio de
Janeiro e de Roraima, reconhecem a data como feriado estadual.
O
Por Dentro o Governo é um programa produzido e coordenado pela
Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República em
parceira com a TV NBR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário