Em documento divulgado na tarde desta sexta (17), a Sociedade Brasileira de Infectologia considera “urgente e necessário” que a hidroxicloroquina “seja abandonada no tratamento de qualquer fase da Covid-19”.
Também recomenda que o dinheiro público não seja gasto “em tratamentos
que são comprovadamente ineficazes e que podem causar efeitos
colaterais” e que as verbas disponíveis sejam aplicadas em equipamentos,
em instalações hospitalares e em medicamentos “eficazes e seguros”.
Para a SBI, municípios, estados e Ministério da Saúde devem reavaliar
suas orientações de tratamento da doença. As recomendações estão no
Informe nº 16 da sociedade, que trata da atualização sobre a
hidroxicloroquina no tratamento precoce da Covid-19. O texto cita dois
estudos, realizados com pacientes norte-americanos, canadenses e
espanhóis, que concluíram pela ineficácia do uso do medicamento.
De acordo com o texto, um dos trabalhos demonstrou que não houve redução na duração dos sintomas ou de hospitalização e mortalidade nem mesmo com os pacientes que receberam o medicamento no primeiro dia após o aparecimento dos sintomas. Além disso, 43% dos tratados com hidroxicloroquina apresentaram efeitos colaterais, principalmente gastrointestinais, como dor abdominal, diarreia e vômitos.
Já o estudo realizado na Espanha concluiu que não houve redução na carga viral nem melhora da situação clínica no grupo de pacientes que recebeu o medicamento. Como no outro caso, a evolução desses pacientes foi comparada com a dos que receberam apenas placebo (comprimidos sem qualquer efeito farmacológico).
Segundo a SBI, os dois trabalhos, aliados aos publicados anteriormente, confirmam que a hidroxicloroquina não traz benefícios clínicos na prevenção, no tratamento precoce ou em sua administração para pacientes hospitalizados.
Com base nos estudos, a SBI, então, decidiu acompanhar a orientação “que está sendo dada por todas sociedades médicas científicas dos países desenvolvidos e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de que a hidroxicloroquina deve ser abandonada em qualquer fase do tratamento da Covid-19” .
Assinado pelo presidente da SBI, Clóvis Arns da Cunha, o documento foi elaborado por ele e outros nove infectologistas.
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