Cerca de 80% dos pacientes de Covid-19 apresentam perda de apetite, segundo o infectologista Carlos Fortaleza, membro da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI).
A ocorrência estaria ligada a dois principais fatores. O primeiro
deles é a febre, sintoma comum em quadros infecciosos agudos. “A febre é
uma resposta imune e tem como objetivo combater as células infectadas
pelo patógeno. Para isso, são produzidas moléculas inflamatórias
chamadas ocitocinas, que alteram radicalmente o metabolismo e fazem com
que a pessoa tenha sintomas de prostração e perda de apetite”, explica.
O segundo fator estaria atrelado à perda do olfato – e,
consequentemente, do paladar –, sintoma provocado especificamente pela
covid-19 e outras doenças causadas por coronavírus.
Segundo a otorrinolaringologista Maura Neves, do Hospital
Universitário da Universidade de São Paulo (USP), os coronavírus são
atraídos pela região do “teto” do nariz devido a sua abundância em
ACE2 – proteína a qual esse tipo de vírus se liga –, e por isso causam
inchaço em volta das terminações nervosas do nervo olfatório, bloqueando
assim a chegada de odores.
De acordo com os especialistas, o sintoma tem início durante o quadro
infeccioso e pode persistir por até sete dias em média após a alta
hospitalar, mesmo tempo que o nervo demora para desinchar e o
metabolismo voltar a funcionar adequadamente.
Em uma pequena minoria dos pacientes, no entanto, o sintoma persiste
por muito mais tempo. A explicação para tal, segundo Neves,
possivelmente estaria atrelada à uma lesão nos tecidos que envolvem as
terminações nervosas do nervo olfatório.
“Nesses casos, há a chance de haver perda permanente do olfato, ou
uma recuperação apenas parcial do sentido, pois as células do nervo
muitas vezes não crescem novamente”, afirma.
O médico orienta que, mesmo sem apetite, a pessoa consegue e deve
comer, e que, de maneira geral, a vontade de comer costuma voltar
naturalmente com o tempo.
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