sexta-feira, julho 24, 2020

Idosos saem menos, mas só 5,3% reclamam de solidão, diz estudo.

Primeiros a serem citados como grupo de risco para o novo coronavírus, os idosos logo se viram na necessidade de se isolar para evitar a infecção por uma doença que poderia ser fatal. Assim, Orfeu, de 90 anos, deixou de fazer caminhadas à beira-mar Norma, de 81 anos, só sai de casa para ir ao médico. No entanto, mesmo com a rotina alterada, eles não se sentem sozinhos e reproduzem o perfil encontrado por uma pesquisa realizada por quatro centros com serviço de geriatria que apontou que 95,2% dos idosos reduziram as saídas de casa, mas apenas 5,3% relataram sentir solidão.

Desde abril, os 557 participantes da pesquisa, que têm entre 60 e 100 anos, começaram a ser entrevistados por telefone para um levantamento que vai durar seis meses. O estudo inclui perguntas sobre medidas de prevenção adotadas, frequência de saídas, recursos de comunicação usados para falar com parentes e amigos, atividade física e saúde mental. As conversas duram de 20 a 30 minutos.

“Quando começou a quarentena, a gente começou a receber muitas ligações dos pacientes. Era muita ansiedade e percebemos que não ia ser fácil – mas eles estão aderindo bem às recomendações. Os idosos que relatam impacto são os que tinham vida muito ativa, rotina na rua e atividades. No entanto, quando olhamos a escala de solidão, ela está em níveis baixos. O que dizem é que recebem ligações todos os dias, que estão se sentindo mais acolhidos do que antes”, explica Daniel Apolinário, geriatra do HCor e um dos coordenadores do estudo, conduzido pelo serviço de geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, pela unidade de cardiogeriatria do Instituto do Coração (InCor), pelo Hospital do Coração (HCor) e pelo serviço de oncogeriatria do Instituto do Câncer do Estado (ICESP).

O aposentado Orfeu Muriccone, de 90 anos, aderiu ao isolamento mas não deixou de manter contato com as pessoas. Por telefone, fala diariamente com as duas filhas – uma de Sorocaba e outra da capital. Na Praia Grande, onde mora, interage com os vizinhos por meio dos quitutes que prepara. “Gosto de mexer na cozinha, sei cozinhar. Faço bolo, docinhos, pão. Estou fechado em casa mas tenho muita liberdade com o pessoal do prédio.”

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