Especialistas alertam que toda mordida de gato deve ser tratada em um pronto-socorro
A raiva e a toxoplasmose são
enfermidades conhecidas que podem ser transmitidas de gatos a humanos.
Mas uma terceira merece atenção: a doença da mordida do gato. Causada
pela bactéria Pasteurella multocida, encontrada na saliva de
quase 90% dos felinos, a infecção precisa ser tratada com antibióticos.
Em casos extremos, ela pode ser fatal.
Um estudo feito por uma equipe de pesquisadores da Clínica Mayo, nos Estados Unidos, e publicado na edição de fevereiro do Journal of Hand Surgery (JHS),acompanhou
193 pacientes que chegaram ao pronto-socorro com mordidas de felinos
entre 2009 e 2011. Trinta por cento deles foram hospitalizados e
permaneceram no hospital por três dias. A outra parte foi tratada com
antibióticos. No total, oito desses pacientes tiveram de passar por mais
de uma cirurgia na mão. As complicações envolviam problemas de
circulação e até perda parcial da mobilidade.
A causa da maior parte das infecções foi a bactéria Pasteurella multocida,
normalmente tratada com amoxilina. “Vermelhidão, inchaço, dor e
dificuldades para mover a mão são sinais de que pode existir uma
infecção e é preciso buscar tratamento”, afirma Brian T. Carlsen,
principal autor do estudo e cirurgião na Clínica Mayo. “A mordida de
gato penetra facilmente na pele. As bactérias se multiplicam rapidamente
e a cirurgia é normalmente necessária”.
As mordidas dos bichanos correspondem a
cerca de 15% das tratadas em hospitais nos Estados Unidos — e elas
carregam mais Pasteurella que a dos cachorros. A bactéria, que faz parte
da flora presente na boca de cães e gatos em todo o mundo, não provoca
nenhum tipo de doença para eles. E também não causam problemas quando
entram em contato com a pele humana por meio das lambidas. Mas, se
penetram no corpo humano – com mordidas ou, mais raramente, arranhaduras
– podem causar infecções na pele, no tecido subcutâneo e até no
músculo. Sem tratamento, pode levar a complicações como necrose da pele,
osteomielite (infecção dos ossos), pneumonia ou até septicemia,
conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por
infecção.
Dentadas fatais – Alexandre
Barbosa, professor de infectologia da Universidade Estadual Paulista
(Unesp – Botucatu), adverte: “Toda mordida de animal, sem exceção, deve
ser tratada em um pronto-socorro”, diz. “Elas podem causar infecções
fatais. Os casos não tratados são graves e podem levar à morte. Mesmo
sem sinais claros de infecção é necessário o acompanhamento médico e o
tratamento com antibióticos, como a amoxilina”, diz o especialista. Via B/M.
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