Alvo da Operação Lava Jato, Nelma Mitsue Penasso Kodama foi presa pela
Polícia Federal na madrugada de sábado, 15, no Aeroporto Internacional
de São Paulo, em Guarulhos, quando tentava embarcar para Milão, na
Itália, com 200 mil euros (cerca de R$ 653 mil) escondidos sob a roupa.
Quase todo o dinheiro estava dentro da calcinha de Nelma, que foi
concunhada do ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos - condenado na
emblemática Operação Anaconda, deflagrada em outubro de 2003 para
combater suposto esquema de venda de sentenças judiciais.
Nelma já
estava com a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal em
Curitiba, no âmbito da Lava Jato, sob suspeita de prática de lavagem de
dinheiro.
Na Delegacia da PF em Cumbica, ela foi autuada em
flagrante por tentativa de evasão de divisas. Quando a abordaram, os
federais já tinham informações sobre o pacote de euros a partir de
interceptação telefônica que estava em andamento.
Nelma declarou
que trabalha no ramo de design e decoração e que iria usar o dinheiro
para fazer compras de bens móveis na Europa. Alegou que não declarou os
valores porque a Secretaria da Receita Federal estaria fechada.
Além de Nelma, a Operação Lava Jato prendeu outros três doleiros, Alberto Youssef, Raul Srour e Carlos Habib Chater.
Nelma
foi condenada anteriormente em outra investigação da PF, denominada
Dolce Vita. Em agosto de 2011, a Justiça Federal em São Paulo impôs a
ela pena de 3 anos e meio de reclusão, por lavagem de dinheiro - sanção
substituída por prestação pecuniária (doação de 150 salários mínimos a
entidade assistencial) e prestação de serviços à comunidade.
Nesse
mesmo processo, foi condenado Rocha Mattos. O ex-juiz pegou 6 anos e 6
meses de prisão por lavagem de dinheiro - ele recorre em liberdade. A
Justiça decretou a perda de seus bens, inclusive um apartamento de
cobertura no Edifício Queen Julie, na Rua Maranhão, em Higienópolis, e
uma casa no Alto da Boa Vista, zona sul.
Nelma viveu com um irmão
de Norma Emílio, ex-mulher de Rocha Mattos. "Não tenho nenhum parentesco
com ela (Nelma) e não sabia que foi presa em Cumbica", declarou o
ex-juiz.
"Nelma nunca foi na minha casa. Aliás, virou minha
inimiga porque inventou coisas contra mim. Disse que eu comprei o
apartamento da Rua Maranhão com dinheiro não declarado", completou Rocha
Mattos. "Os recursos passaram pelo Banco Central, não foi uma operação
dissimulada, teve contrato de câmbio. Tanto que nessa parte fui
absolvido."
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