Portar arma traz falsa sensação de segurança, indica estudo (Getty Images/VEJA)
Uma pesquisa inédita no país, conduzida
pelo sociólogo e especialista em segurança pública Claudio Beato,
coordenador do Centro de Estudos em Criminalidade e Segurança Pública da
Universidade Federal de Minas Gerais, prova com dados pela primeira vez
o que especialistas em Segurança Pública inferiam: o porte de arma para
defesa própria cria uma falsa sensação de segurança, mas traz mais
riscos do que benefícios ao cidadão.
Embora quatro em cada dez pessoas
afirmem que possuem arma de fogo para se prevenir ou se proteger de
criminosos, as chances de um cidadão ser vítima de uma agressão – um
tiro, uma coronhada ou mesmo socos e chutes – aumenta em 87% se ele
estiver armado quando for assaltado. Mesmo policiais armados tiveram 89%
mais chance de serem agredidos do que alguém desarmado.
“É ilusório acreditar que a arma pode
proteger a vítima de um roubo – mesmo que a pessoa seja muito bem
treinada. Quando ela percebe a ação do criminoso, já está com a arma
apontada para o rosto. Existe ainda o risco de latrocínio, que não foi
possível aferir nessa pesquisa”, afirma Beato.
Os índices foram calculados com base em
78 000 questionários respondidos por brasileiros de várias cidades em
todas as regiões do país. Foram comparadas as respostas daqueles que
haviam sido assaltados e não possuíam armas e as daqueles que haviam
sido assaltados e possuíam armas.
Além de inédito, o dado joga luz no
debate sobre um projeto de lei que pretende revogar o estatuto do
desarmamento, sob o argumento de que o cidadão teria o direito de se
armar para se defender.
O relatório sobre o PL 3.722/2012 será
apresentado na quinta-feira, dia 10 de setembro, e a expectativa é que
ele seja votado numa comissão especial até o fim do mês. “Não acredito
neste dado. Quem considerar que é mais arriscado portar um armamento,
que não tenha arma, mas quem quiser defender a sua vida e estiver
preparado para isso tem que ter o direito de fazê-lo”, afirma o deputado
Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC), autor do projeto.
Outro estudo publicado em maio deste
ano, o Mapa da Violência 2015 – Mortes Matadas por Armas de Fogo,
mostrou que, na ocasião, a restrição do porte de armas foi responsável
por anular uma tendência de crescimento anual dos homicídios de 7,2%,
além de reduzir o número de assassinatos nos primeiros anos de
implantação. Via Veja.
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