Uma medicação inédita pode mudar os rumos no tratamento de pacientes
com depressão grave e risco iminente de suicídio. Trata-se de um
medicamento em forma de spray nasal e com ação quase imediata. O Serviço
de Psiquiatria do Complexo Hospitalar Universitário Professor Edgard
Santos da Universidade Federal da Bahia e um dos 40 HUs vinculados à
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Hupes/UFBA- Ebserh), há
oito anos desenvolve pesquisas com a cetamina e seus derivados, uma
droga até então usada como anestésico e analgésico.
A comunidade científica internacional reconhece a cetamina como
uma das maiores revoluções em saúde mental das últimas décadas. Várias
ramificações das pesquisas conduzidas no Hupes dizem respeito a
tentativa de encontrar formas de cetamina acessíveis economicamente e
com melhor tolerabilidade para o paciente. Além de já ter beneficiado
centenas de pacientes, os resultados encontrados até o momento pelo
grupo de pesquisa coordenado pelo psiquiatra e professor da UFBA, Lucas
Quarantini, vem sendo apresentado em congressos nacionais,
internacionais e revistas especializadas.
Quarantini destaca que o medicamento é indicado para pacientes com
quadros graves e cujos tratamentos já falharam anteriormente no uso de
outros antidepressivos. “Esse medicamento é considerado um avanço
significativo na condução de tratamentos psiquiátricos. Com ele se criou
uma nova classe de medicamentos: os antidepressivos de ação rápida”,
explica o psiquiatra.
O fármaco poderá chegar ao mercado em breve no Brasil, após
autorização dos órgãos competentes. Caso seja aprovado, seria o primeiro
psicodélico utilizado no tratamento de doenças psiquiátricas com
respaldo de autoridades sanitárias. O produto está em fase avançada de
testes. De acordo com o psiquiatra Lucas Quarantini, a eficácia em
adultos já foi comprovada. Os estudos do Hupes agora concentram esforços
em testar a medicação em pacientes entre 12 e 17 anos.
Outro ponto importante ressaltado apontado pelo professor Quarantini é
o fato de que diversos hospitais e outras universidades aprenderam as
técnicas de aplicação dessa opção de tratamento no Hupes. O grupo de
pesquisa faz parte do Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS) e de
pesquisas acadêmicas ligadas ao programa de Pós-Graduação em Medicina e
Saúde da UFBA.
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