O
s recentes dados divulgados pelo IBGE, referentes à Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Mensal (PNADM), mostra que houve uma queda de
4,9 milhões de postos de trabalho no país, se compararmos a média
trimestral de fevereiro, março e abril de 2020 com os três meses
anteriores. Essa instabilidade trazida pela pandemia prejudicou
especialmente as mulheres, já que houve uma perda de postos de trabalho
nas atividades em que elas mais se inserem.
Nos primeiros três meses do ano, enquanto 70,2% dos homens faziam
parte da força de trabalho, o percentual entre as mulheres era de apenas
52,1%.
Entre as mulheres jovens negras, de 15 a 29 anos, a situação é ainda
pior. A proporção das que não estudavam e não estavam ocupadas era de
32%, contra apenas 15% entre os homens brancos na mesma idade. A
situação é acompanhada pelas professoras Jordana Cristina de Jesus e
Luana Junqueira Dias Myrrha, do Departamento de Demografia e Ciências
Atuariais (DDCA) da UFRN e pesquisadoras participantes do Observatório
do Nordeste para Análise Sociodemográfica da Covid-19 (ONAS), que analisam o fenômeno econômico e social.
No Brasil, por exemplo, 1 a cada 3 mulheres negras vive em situação
de pobreza. No caso dos homens brancos, essa proporção é de 1 a cada 7
na mesma situação. “Essas jovens, embora não tenham atividades
remuneradas, são responsáveis pelos trabalhos domésticos em seus
domicílios. Essa diferença também se faz presente na pobreza monetária,
já que, em 2018, o percentual de mulheres negras em domicílios com
rendimento per capita abaixo da linha da pobreza era de 33,5%.
Nesse cenário já desigual, espera-se que os impactos sociais e
econômicos, como desdobramentos da pandemia, sejam sentidos mais
fortemente por elas”, afirma o artigo publicado aqui nesta segunda-feira (29).
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