O Campeonato Brasileiro de 2020 tem sido um terror para os técnicos. Apenas nas sete primeiras rodadas da Série A, seis comandantes perderam o emprego e há alguns outros sob intensa pressão. A quantidade acelerada de dispensas faz a temporada conviver com uma instabilidade ainda maior em comparação à média histórica dos últimos anos, que é de uma demissão a cada duas rodadas.
O último treinador a deixar o cargo foi Roger Machado, do Bahia, mandado embora após derrota para o Flamengo na quarta-feira. Se for considerada a temporada toda, iniciada em janeiro, somente oito dos 20 times da elite nacional não demitiram o treinador. As exceções são Internacional, Grêmio, São Paulo, Corinthians, Palmeiras, Fortaleza e Fluminense. Mesmo assim, Fernando Diniz, Tiago Nunes e Luxemburgo estão sendo cobrados nos cargos.
O Flamengo também entra nessa conta, apesar de estar de comandante novo. Mas o clube rubro-negro só trocou de técnico porque o português Jorge Jesus decidiu aceitar uma proposta do Benfica e ir embora.
Para quem acabou demitido, a sensação é de que o mercado está mais cruel do que nunca. A habitual pressão pelos resultados tem como grande complicador os efeitos da pandemia do novo coronavírus. O calendário mais apertado deixa pouco tempo para os times treinarem entre uma partida e outra. Fora isso, a doença tem causado desfalques seguidos nas escalações.
Dois técnicos encararam esse problema de formas diferentes. No Goiás, o técnico Ney Franco chegou a ter mais de dez jogadores contagiados, precisou escalar vários reservas e acabou demitido após três jogos sem vencer. Dorival Junior vivenciou no Athletico-PR a limitação de ser infectado ele próprio pela covid-19 e precisar ficar dez dias em isolamento. Nesse período, sem ele no comando direto, o time perdeu três partidas consecutivas. Quando voltou ao posto, perdeu o emprego após outra derrota. Procurados pelo Estadão, Ney Franco e Dorival preferiram não comentar o tema.
Na opinião do técnico Daniel Paulista, dispensado do Sport após quatro rodadas sem vencer, as equipes precisam ter uma proposta mais clara quando se trata de definir quem será o técnico. “Falta convicção das atitudes. Muitas vezes são decisões tomadas por impulso. Por vezes é mais fácil demitir o treinador para se justificar para a torcida, diretoria e mídia do que admitir algumas falhas no processo”, disse ao Estadão.
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