Os brasileiros não confiam nas suas polícias, disse, nesta quinta-feira 10, Luís Antônio Boudens, presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), ao participar do Correio Talks Modernização da Segurança Pública do Brasil, ainda no ar pelas redes sociais do Correio Braziliense.
Segundo ele, a federação tem levado ao Congresso várias propostas de modernização da segurança pública. “Verdadeira, não apenas de floreios, como compra de equipamento, viatura, concurso. Isso é dia a dia normal, temos que sair do lugar comum. Temos que falar o que serve realmente para modificar, principalmente a parte preventiva e a de investigação”, ressaltou.
Boudens lembrou que o Código Penal do Brasil é 1941. “Tem quase 80 anos. Tivemos aí no meio do caminho duas Constituições. E a de 1988 trouxe no artigo 144 uma estrutura modernizante, desde que, claro, fosse regulamentada da forma como se pensou. O que temos é a percepção de enorme atraso”, disse. Enquanto isso, segundo ele, o crime se modernizou, com formatações até empresariais.
A modernização necessária passa por três aspectos, conforme o presidente da Fenapef. “Precisamos mudar a estrutura de carreiras, com porta única de entrada. Hoje, no Brasil, são várias portas de entrada, cada uma com um tipo de exigência e não estamos conseguindo prestar o serviço policial”, pontuou. O segundo ponto seria mudar a parte estruturante. “Nos estados, a polícia militar é ostensiva, a civil de investigação, essa divisão acaba propiciando duas meias polícias”, afirmou.
O terceiro item é a eliminação da burocracia, disse Boudens. “As polícias de investigação (Federal e Civil) herdaram toda a burocracia do sistema judiciário. O brasileiro nem procura delegacia, porque não confia na sua polícia. Não acredita que seu bem será retornado. O índice de solução no caso de homicídio é 8%, imagina roubo de celular. O cidadão não confia que a polícia vai trazer resultado”, assinalou.
O dirigente revelou, ainda, que existem barreiras corporativistas. “Há uma tentativa de manter o status quo, é uma luta corporativista. Mas com números tão vergonhosos está evidente a necessidade de modernização”, disse. “Nos colocamos à disposição do Congresso e do Poder Executivo para levar essas propostas de modernização”, completou.
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