Enquanto milhões em todo o mundo torcem para a rápida aprovação de uma vacina contra a Covid, um em cada quatro brasileiros resistem à ideia de tomar o imunizante quando ele for registrado.
É o que mostra uma pesquisa inédita da ONG Avaaz feita pelo Ibope à qual o Estadão teve acesso com exclusividade.
Mil pessoas foram entrevistadas entre os dias 27 e 29 de agosto em todas as regiões do País. Do total de participantes, 75% disseram que tomarão a vacina com certeza, 20% afirmaram que talvez tomem e 5% relataram que não receberão o imunizante de jeito nenhum – o que indica, portanto, 25% de recusa ou incerteza sobre a imunização. A margem de erro da pesquisa é de três pontos porcentuais, para mais ou para menos.
Houve maior índice de hesitantes na faixa etária dos 25 aos 34 anos (34%) e entre pessoas da religião evangélica (36%). Não houve diferença significativa das respostas segundo sexo, raça/cor, escolaridade e renda.
O Ibope também buscou saber as razões para a recusa ou desconfiança na vacina. Entre as principais estão dúvidas quanto à segurança e eficácia do imunizante e teorias da conspiração das mais diversas, como a de manipulação genética ou implantação de um chip por meio da vacina e até a hipótese de que o produto seria feito com fetos abortados.
Tais narrativas – sem nenhuma evidência científica e já desmentidas por agências de checagem – são comuns em postagens nas redes sociais que propagam fake news.
Para Laura Moraes, coordenadora de campanhas da Avaaz no Brasil, a disseminação de desinformação sobre covid já está ameaçando uma eventual política de vacinação contra o coronavírus. “Os números da pesquisa são assustadores. Mostram que, antes mesmo de termos uma vacina aprovada, alguns grupos já estão articulados nas redes para espalhar informações falsas, sem embasamento teórico ou científico, que colocam medo nas pessoas”, diz ela.
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