quarta-feira, outubro 19, 2022

'Se o pastor quer fazer política, faça na rua, não no altar', afirma Lula durante evento com evangélicos em SP.

Em encontro com lideranças evangélicas em São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) enfatizou nesta quarta-feira o seu compromisso com valores caros ao segmento, como a defesa da liberdade religiosa e da família, que chamou de "sagrada". O petista apresentou a tão esperada carta aos evangélicos e criticou pastores que "tiram proveito do altar para fazer política". O evento reuniu mais de 300 convidados: entre eles, mais de 100 pastores e pastoras de nove estados. 

A 11 dias da eleição, Lula trabalha para reduzir a distância para Jair Bolsonaro (PL) entre esse grupo religioso. O petista se reuniu com representantes de cerca de 30 denominações, mas cuja maioria tem um viés progressista nas pregações. Bolsonaro tem o apoio da maior parte das lideranças evangélicas das grandes igrejas, como Assembleia de Deus e Universal do Reino de Deus, entre outras.

Lula criticou pastores que "tiram proveito do altar para fazer política":

— A pessoa pode escolher o Bolsonaro, não tem problema. Mas as pessoas não podem mentir. Se o pastor quer fazer política, ele que vá para a rua fazer política. Mas não tire proveito do altar para fazer política. 

Pastores evangélicos fizeram uma oração por Lula no ato desta quarta e entregaram uma bíblia para ele. Valor para os evangélicos, Lula vinha sendo cobrado por lideranças religiosas para falar de amor e família. Em seu discurso, ele enfatizou que "a família é sagrada".

— A família para mim (choro) é uma coisa sagrada. Eu sou daquele que todo final de semana reúno os meus filhos e a gente faz um churrasquinho. Quando vejo as pessoas colocarem em dúvida a nossa relação e respeito pela família, eu fico ofendido — discursou Lula no evento. 

A última pesquisa do Datafolha, divulgada na sexta-feira (14), mostra que o candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), mantém ampla vantagem contra Lula entre os evangélicos. O atual presidente tem 65% das intenções de voto do grupo religioso. Lula, por sua vez, tem 31% das intenções nesse recorte do eleitorado.

O petista voltou a desmentir a fake news de que, caso seja eleito, vai instalar banheiros unissex nas escolas:

— As acusações são as mais berrantes possíveis. Tem coisas que eu não acredito que um ser humano possa acreditar. Agora inventaram a história do banheiro unissex. Eu tenho família, tenho filha, neta, bisneta. Isso só pode ter saído da cabeça do satanás. 

Ainda durante o discurso, Lula disse ter se surpreendido com a força das mentiras repassadas por celular.

— Conversem com mais pessoas, sabendo que têm pessoas que não gostam da gente, (é para) conversar com as pessoas, saber a dúvida que as pessoas têm. É preciso conversar e convencer as pessoas. Eu não imaginava que as mentiras pelo celular tinham tanta força pela internet. Eu não imaginava o poder de multiplicação de mentiras que têm o 'zap'. E eles têm uma fábrica monstruosa de produzir mentira, e a gente não pode ganhar uma eleição mentindo.

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