Quatro jovens que nasceram sem vaginas ou com vaginas anormais
receberam implantes de material cultivado em laboratório feito a partir
de suas próprias células, no mais recente caso de sucesso na criação de
órgãos de substituição que até agora incluem também traqueias, bexigas e
uretras.
Testes de acompanhamento mostraram que as novas vaginas não se
diferenciam do tecido próprio das mulheres e seu tamanho cresceu à
medida que as mulheres, que receberam os implantes quando adolescentes,
amadureciam.
Todas as quatro mulheres já são sexualmente ativas e relatam função
vaginal normal. Duas das quatro, que nasceram com um útero funcional,
mas sem vagina, agora menstruam normalmente.
Ainda não está claro se essas mulheres poderão ter filhos, mas o fato
de estarem menstruando sugere que seus ovários estão funcionando
normalmente, por isso a gravidez pode ser possível, disse o Dr. Anthony
Atala, diretor do Centro Médico Batista Wake Forest, do Instituto de
Medicina Regenerativa do Estado da Carolina do Norte.
A façanha, que Atala e seus colegas no México descrevem na revista "The
Lancet", é a mais recente demonstração do crescente campo da medicina
regenerativa, uma disciplina em que os médicos tiram proveito do poder
do corpo para regenerar e substituir as células.
Em estudos anteriores, a equipe de Atala usou a abordagem para fazer
bexigas sobressalentes e tubos de urina ou uretra em meninos.
Atala disse que o estudo-piloto é o primeiro a mostrar que os órgãos
vaginais cultivados em laboratório utilizando as próprias células das
pacientes podem ser usados com sucesso em humanos, oferecendo uma nova
opção para mulheres que precisam de cirurgias reconstrutivas.
Todas as quatro mulheres no estudo nasceram com a síndrome de
Mayer-Rokitansky-Küster-Hauser (MRKH), uma condição genética rara em que
a vagina e útero são subdesenvolvidos ou ausentes. O tratamento
convencional envolve geralmente o uso de enxertos feitos de tecido
intestinal ou da pele, mas ambos os tecidos têm inconvenientes, diz
Atala, um cirurgião urologista pediátrico em Wake Forest.
O tecido intestinal produz excesso de muco, o que pode causar problemas de odores. A pele convencional, entretanto, pode arrebentar.
Atala disse que as mulheres com essa condição geralmente procuram
tratamento quando adolescentes. "Elas não podem menstruar, especialmente
quando têm um defeito grave, quando não têm uma abertura", disse ele.
Isso pode causar dor abdominal, com o recolhimento de sangue menstrual
no abdômen.
As meninas no estudo tinham entre 13 e 18 anos no momento das cirurgias, realizadas entre junho de 2005 e outubro de 2008.
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