(Foto reprodução/Google)
Um exame importante para fazer e muitas
matérias para estudar, mas o dia tem apenas 24 horas. O café passa a ser
o companheiro das noites em claro e das manhãs sonolentas – para
compensar a noite mal dormida. Tem sempre alguém para advertir:
“Cuidado! Com tanto café, você vai acabar com uma gastrite”. Será?
Segundo especialistas, a cafeína pode,
sim, irritar o estômago causando dor e desconforto. E não é só ela.
Pimenta, bebidas alcóolicas e o cigarro também possuem essa
característica. A irritação pode ser entendida como gastrite, que nada
mais é do que um termo genérico para designar uma lesão superficial na
mucosa do estômago. A gastrite pode ser gerada por diversos fatores.
O gastroenterologista do Hospital 9 de
Julho, Matheus Azevedo, explica que o desenvolvimento de uma inflamação
no estômago varia de pessoa para pessoa. “Nosso estômago tem um
mecanismo de defesa próprio contra agentes externos, mas quando esses
mecanismos não são suficientes para vencer os agentes, a gastrite pode
acontecer e piorar”, explicou.
Inflamação pode ser causada por bactéria
Apesar dos hábitos influenciarem o
desenvolvimento da gastrite, grande parte dos casos está relacionada à
presença de uma bactéria específica: a Helicobacter pylori ou H.pilori como
é conhecida. “É uma bactéria frequente no meio ambiente e a sua
contaminação tem a ver com a condição socioeconômica do paciente.
Vivemos em um mundo de contaminação fecal-oral”, disse Ramiro
Mascarenhas, presidente da Sobed (Sociedade Brasileira de Endoscopia
Digestiva).
O H-pylori causa úlceras no
estômago, que são feridas mais profundas, e podem levar até a um câncer
gástrico. “Tem que ter cuidado porque essa dor, esse desconforto, podem
indicar a presença de doenças mais graves. É preciso investigar as
causas desse desconforto”, afirmou Mascarenhas. Essa investigação é
feita por uma endoscopia digestiva, que é um exame que filma a mucosa do
esôfago, estômago e da parte superior do intestino delgado, e também
pela biópsia, que retira um pedaço do tecido inflamado do estômago para
análise.
“Há casos que a endoscopia nem é
necessária. Apenas um exame de sangue já consegue detectar o que a
pessoa tem. Por isso, é muito importante procurar orientação médica”,
afirmou Mascarenhas, ao se referir às parasitoses que tem sintomas
semelhares à gastrite, como estrongiloidíase e a giárdia.
Matheus Azevedo explica que, no caso da infecção por H-pylori,
o tratamento é feito com dois ou três antibióticos e um inibidor do
ácido do estômago. “Nesse período, o paciente não pode comer alimentos
que vão pesar no estômago, não pode ingerir álcool. Além disso, os
antibióticos podem gerar desconforto estomacal”, conta. Com isso, o
tratamento é feito para curar a gastrite.
Tomar remédio ataca o estômago?
Além dos microrganismos, dos hábitos
descritos no começo desse texto, o que muita gente não sabe é que aquela
aspirina tomada depois de um longo dia de trabalho e estresse para
aliviar a dor de cabeça, ou aquele remédio para desinflamar a garganta,
também podem causar inflamações no estômago.
“Há remédios, em especial os
anti-inflamatórios, que interagem com substâncias presentes na mucosa do
estômago, diminuindo a sua presença, o que pode causar inflamação e até
úlcera. Por isso, é imprescindível que esses medicamentos só sejam
tomados com prescrição médica”, contou Rogério Alves,
gastroenterologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
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