quarta-feira, novembro 18, 2015

Setor de queijos no Rio Grande do Norte cresce em meio à crise.

Enquanto a pecuária leiteira do Rio Grande do Norte amarga uma retração na atividade, que atravessa uma situação dramática em função da estiagem e das baixas no programa do leite, antagonicamente, o setor de derivados lácteos não tem do que reclamar. As empresas que fabricam queijos têm registrado neste ano um crescimento médio acima dos 20% nas vendas dos produtos mesmo em tempos de crise. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), somente no ano passado, as 39 indústrias que operam no estado e têm algum tipo de inspeção foram responsáveis por absorver 45,5 milhões de litros de leite, grande parte usada na fabricação de queijos e outros derivados.

A indústria de queijos Dona Gertrudes, instalada em Caicó (a 282 quilômetros de Natal), é um bom exemplo dessa expansão do setor. A capacidade de processamento de leite praticamente dobrou de 2010 para cá. O laticínio operava com 3 mil litros de leite por dia e hoje o processamento chega a picos de 6 mil litros por dia, chegando a fabricar em torno 600 quilos diários de queijos, entre os tipos coalho, manteiga, minas e ricota.

“Não sentimos a crise de forma tão forte. As vendas têm crescido entre 30% e 40% nos últimos dois anos. Também não fomos afetados com a oferta de leite. Mudamos a operação e passamos a adquirir leite de grandes produtores em vez de pequenos”, explica a diretora administrativa da empresa, Alane Kaline Fernandes de Araújo. A mudança explica, em parte, o decréscimo das aquisições de leite cru pelas indústrias potiguares na última década. De acordo com o Boletim do Leite, elaborado pelo Sebrae no Rio Grande do Norte, as compras anuais do produto caíram 59%, entre 2005 e 2014, reduzindo de 77,3 milhões de litros para 45,5 milhões de litros.

Para ganhar mercado, a empresa, que já acumula 30 anos de atuação e vem sendo acompanhada desde o início pelo Sebrae, teve de se modernizar. Passou do modelo artesanal para o industrial a partir de 2010, permitindo que a marca distribuísse os queijos para outras regiões do estado além do Seridó. O diferencial da empresa foi manter as características de queijo artesanal, porém, obtido através de um processo industrializado.

“Acreditávamos que a transição nos faria triplicar a produção, o que acabou não se confirmando. O crescimento tá lento, mas não ficamos estagnados”, confirma Alana Araújo. A diretora acredita o consumo não é maior devido à concorrência de marcas de outros estados. A empresa teve de adiar os planos de inaugurar a planta de bebidas lácteas e envase de leite, que atualmente é 50% obtido de grandes pecuaristas.

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