Ao pedir a prisão preventiva do
ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a
força-tarefa da Lava Jato em Curitiba reiterou todos os argumentos já
apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, perante o
Supremo Tribunal Federal (STF), e acrescentou que, mesmo após ter seu
mandato cassado em setembro, o peemedebista “ainda mantém influência nos
seus correligionários, tendo participado de indicações de cargos
políticos do Governo Temer”.
Treze procuradores da República que integram a força-tarefa da Lava
Jato em Curitiba subscrevem o requerimento de prisão de Eduardo Cunha.
Os investigadores citam, como exemplo, a nomeação do deputado líder do
PR Maurício Quintella, aliado de Cunha, para o Ministério dos
Transportes no governo Temer. Na época em que ocupava o cargo de
deputado, Quintella votou contra a cassação de Cunha no Conselho de
Ética.
“Não há que se falar que seu afastamento do cargo de deputado federal
seja suficiente para inibir as atividades obstrutivas do representando,
pois mesmo afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha ainda mantém
influência nos seus correligionários, tendo participado de indicações
de cargos políticos do Governo Temer”, diz o pedido de prisão acatado
pelo juiz Sérgio Moro.
Além da nomeação de Quintella, os procuradores da Lava Jato listam em
44 páginas do pedido de prisão e de buscas na residência de Cunha todos
as investigações e suspeitas já levantadas contra o peemedebista e seus
familiares, incluindo as três denúncias já apresentadas e os sete
inquéritos abertos contra ele no Supremo Tribunal Federal como
desdobramento da Lava Jato.
Esses inquéritos apuram desde propinas milionárias que Eduardo Cunha
teria recebido na Petrobras, na Caixa e em Furnas, como também sua
atuação na Câmara junto ao lobista Lúcio Bolonha Funaro para achacar
empresas e inimigos políticos.
“Há elementos que apontam que durante todo o seu período de vida
pública Eduardo Cosentino da Cunha utilizou-se do cargo para obter
vantagens indevidas com a finalidade de possibilitar uma vida de gastos
vultuosos para o deputado federal e para a sua família”, segue o pedido
de prisão apontando ainda que, durante todo o período em que foi
investigado, o peemedebista “não poupou esforços para embaraçar as
investigações”.
“Não suficiente, demonstrou que atuava de forma dissimulada,
utilizando de parlamentares laranjas para tomar medidas que visavam o
favorecimento pessoal do ex-presidente da Câmara dos Deputados, que
sempre apresentavam falsas justificativas de um pretenso interesse
público para legitimar os atos de obstrução”, assinalam os procuradores da República.
“Todo esse conjunto de fatos demonstram que estão presentes os
fundamentos da prisão preventiva para a conveniência da instrução
processual”, cravam os procuradores.
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