O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal
(STF), determinou o envio para a Justiça Federal do Rio Grande do Norte de
inquérito aberto contra o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o
ex-deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) e o empresário José Aldemário
Pinheiro, o Léo Pinheiro, da OAS. Os documentos da apuração, que aponta suposto
recebimento de propina disfarçada de doação de campanha, foram remetidos nesta
quinta-feira (20) ao Rio Grande do Norte. O pedido de investigação chegou ao
Supremo em sigilo no mês de maio. O inquérito foi aberto, mas retirado do âmbito
da Operação Lava Jato por não se referir diretamente ao esquema de desvios na
Petrobras. Eduardo Cunha e Henrique Alves são investigados por corrupção passiva
e lavagem de dinheiro e Léo Pinheiro por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Segundo a Procuradoria Geral da República, conversas
interceptadas no celular de Léo Pinheiro mostraram uma conversa em que Cunha e o
empresário falavam sobre votações de interesse da empreiteira . Depois, o
parlamentar aparece cobrando doações oficiais da OAS para campanha de Henrique
Alves ao governo do Rio Grande do Norte, em 2014. As informações foram enviadas
para o Rio Grande do Norte em razão da cassação de Eduardo Cunha, que, com isso,
perdeu o foro privilegiado, e porque as suspeitas apontadas na apuração
ocorreram naquele estado. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, citou
no pedido de investigação "centenas de mensagens trocadas entre Léo Pinheiro e
Eduardo Cunha, apreendidas no celular daquele, o que demonstra, nitidamente, a
relação espúria entre o empreiteiro e o atual presidente da Câmara dos
Deputados". "Havia, inclusive, doações rotineiras – a demonstrar a estabilidade
da relação espúria – e doações extraordinárias. Da mesma forma, verificou-se não
apenas a participação de Henrique Alves nesses favores, como também o
recebimento de parcela das vantagens indevidas, também disfarçada de 'doações
oficiais'", afirmou o procurador.
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