A organização não governamental Justiça Global, ligada à defesa dos
direitos humanos, enviou um documento à Organização das Nações Unidas
(ONU) para que se manifeste publicamente sobre a onda de violência que
tem aparecido de forma recorrente no Rio de Janeiro em 2017 atingindo
crianças e adolescentes. O documento pede que o organismo internacional
intervenha junto às autoridades brasileiras.
O relatório cita que
as mortes ocorreram em decorrência da atuação da Polícia Militar em
favelas e periferias da cidade do Rio de Janeiro.“A realização de
operações policiais com caveirões e armamento de alto poderio bélico em
áreas urbanas, por si só, já constitui uma violação de direitos humanos,
mas isso ganha contornos ainda mais graves ao envolver a vida de
crianças e adolescentes.”
No informe, enviado à Relatora Especial
Sobre Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias da ONU, Agnes
Callamard, a Justiça Global cita casos que mostram o descaso do Estado
com a segurança das crianças, como o de Maria Eduarda Alves da
Conceição, de 13 anos, morta por tiros de fuzil, na Escola Municipal
Daniel Piza, em 30 de março. O assassinato decorreu da atuação do 41º
Batalhão da Polícia Militar. Policiais da unidade militar se envolveram
em casos de repercussão internacional, como a execução de cinco jovens
de Costa Barros, que tiveram o carro fuzilado com 111 tiros disparados,
em 28 de novembro de 2015.
De acordo com o pesquisador da Justiça
Global, Guilherme Pontes, em 2017 ocorre um crescimento inaceitável da
violência do Estado, que só aprofunda um problema estrutural de racismo e
desigualdade social. “Como a falência do projeto das UPPs não é algo
que o governo tem conseguido esconder, ele volta a investir cada vez
mais nessas operações de alta letalidade. A própria Polícia Militar
constatou que os tiroteios em favelas que contam com Unidade de Polícia
Pacificadora [UPP] aumentaram 13.746% em cinco anos, entre 2011 e 2016",
diz o pesquisador.
Em nota, a Coordenadoria de Polícia
Pacificadora (CPP) informou que não irá se pronunciar sobre o relatório
no que diz respeito às unidades de Polícia Pacificadora.
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