Um bom menino que se envolveu com as pessoas erradas. É assim que Alia Ghanem, 70 anos, descreve o filho, Osama Bin Laden,
líder da rede Al Qaeda e mente por trás dos ataques às torres gêmeas
nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001. Da Arábia Saudita, Ghanem
falou ao jornal britânico The Guardian, sua primeira manifestação pública sobre o primogênito, morto por agentes americanos no Paquistão em 2009.
Segundo
a matriarca do clã Bin Laden, hoje em seu segundo casamento, Bin Laden
começou a mudar quando começou a cursar economia na Universidade King
Abdulaziz, que fica na cidade saudita de Jedá que está localizada na
costa do Mar Vermelho e a pouco mais de 1.000 quilômetros da capital
Riade.
“Ele se tornou um homem diferente”, contou ela, “ele foi um
bom menino até conhecer algumas pessoas que fizeram uma espécie de
lavagem cerebral quando ele estava com 20 e poucos anos. Como se fosse
um culto”, explicou sobre o período em que Bin Laden conheceu seu mentor
espiritual, Abdullah Azzam, da Irmandade Muçulmana. “Pedi que se
afastasse dessas pessoas, mas ele jamais admitiu o que estava fazendo,
me amava muito”, relembrou.
A entrevista concedida por Ghanem foi
acompanhada pela família. Em determinado momento, um dos irmãos de Bin
Laden, Hassan, falou sobre suas atividades terroristas. “Sinto orgulho
dele, é meu irmão mais velho. Mas não sinto como homem. Alcançou o
estrelato global e foi tudo para nada”, lamentou. “Ficamos muito
chateados. Não queria que nada disso tivesse acontecido”, continuou a
mãe, sobre quando perceberam o que o primogênito se tornou.
Bin
Laden deixou a Arábia Saudita no início dos anos 80 para lutar contra a
ocupação russa no Afeganistão. A última vez que o viram foi em 1999, um
ano antes da onda de atentados da Al Qaeda
que deixaram quase 3 mil mortos em diferentes regiões dos Estados
Unidos e episódio que marcou do início da chamada “guerra contra o
terror” promovida pelo governo americano mundo afora.
Quando
Ghanem deixou o cômodo, outro irmão de Bin Laden, Ahmad, notou que a mãe
continua em negação sobre o tema. “Ela recusa culpá-lo”, disse ele.
Sobre os eventos nos EUA, Ahmad disse ter ficado em choque completo
quando ouviu as notícias e que imediatamente suspeitou do envolvimento
de Bin Laden. “Nos sentimos envergonhados e sabíamos que toda a família
sofreria duras consequências”, disse.
A conversa com a família Bin
Laden aconteceu depois de o príncipe herdeiro do trono saudita e novo
líder do país, Mohammed bin Salman, 32 anos, ter autorizado. De acordo
com o The Guardian, oficiais acompanharam a entrevista, que se
restringiu a aspectos pessoais de Bin Laden, sem tocar em pontos
incômodos para o reino. Entre eles, o envolvimento com fundamentalistas
no Afeganistão e acusações de que o líder da Al Qaeda teve apoio para
conduzir os ataques nos EUA. Dos 19 envolvidos neste episódio, 15 eram
sauditas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário