Uma “aposentadoria relativa”. Assim o presidente Michel Temer definiu
hoje, pela primeira vez, o que pretende fazer após deixar o cargo, em
1º de janeiro. “Eu quero dizer que faltam quatro meses apenas. Tive uma
vida pública e universitária muito próspera. [Na Presidência] tive
muitos problemas, mas eu já cumpri vários papéis. Penso que está na hora
de uma relativa aposentadoria”, afirmou em entrevista à Rádio Jornal de
Pernambuco.
“Pretendo sair, dar meus pareceres na área jurídica. Quero escrever
alguns livros técnicos e também romances; já escrevi quatro livros, e
quero ter muita tranquilidade”, continuou. “Mas não deixarei de
acompanhar a vida pública nacional”, avisou. “Um ex-presidente é muito
procurado; pode contribuir com o país”, completou.
Perguntado se também escreveria um livro sobre “os trancos e
barrancos da Presidência”, o presidente revelou que sim. “Teremos um
livro. Vou relatar os muitos equívocos e falsidades. Fui vítima de uns
detratores, muitos deles condenados, outros desmoralizados, e eu quero
contar a verdade de tudo isso. Aliás, a verdade tem aparecido pouco a
pouco. [Apareceram] vários fatos reveladores do que eu falei lá no
início sobre um procurador da República, hoje denunciado, sobre o
grampeador que já foi preso e agora condenado por ofender a minha
honra,” destacou. Sem citar nomes, ele referiu-se ao ex-procurador
Marcello Miller e ao empresário Joesley Batista, respectivamente.
“Quero colocar a limpo essas coisas todas e deixar esse registro na
história recente”, afirmou. Michel Temer disse ainda que as denúncias,
inscritas na delação premiada de Joesley Batista – hoje suspensa –
funcionaram “praticamente como dois pedidos de impeachment”. Vencidos na
Câmara, segundo ele, graças “ao prestígio e o relacionamento muito
profícuo com os parlamentares, que [me deram] reconhecimento repudiando
essas denúncias pífias”. Ele disse também que irá encarar a continuidade
do processo, que chamou de “matéria processual”, após o fim do mandato
“com toda a tranquilidade”. “Não tenho preocupação com o futuro”,
afirmou.
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