O papa Francisco criticou a “fé não solidária” e “mentirosa” de quem vai
à missa, mas não sabe o que ocorre nas periferias, ao visitar aos
moradores de Bañado Norte, um dos bairros mais pobres da capital do
Paraguai.
Após caminhar pelas ruas desse subúrbio de Assunção, onde vivem 23
mil famílias, Francisco afirmou que “uma fé que não tem solidariedade é
uma fé morta”.
“É uma fé sem Cristo, uma fé sem Deus, uma fé sem irmãos. Uma fé mentirosa”, frisou.
Como
exemplo, o papa afirmou que há quem vá à missa, mas quando é perguntado
sobre o que acontece no Bañado, responde que não sabe. “Você pode ir à
missa aos domingos, mas, se não tem coração solidário, se não sabe o que
acontece em sua cidade, (a fé) ou está doente ou está morta”,
acrescentou.
No último dia de sua viagem pela América Latina,
Francisco se declarou muito “alegre” por ter a chance de visitar essa
região, que chamou de “sua terra”, e contou aos moradores que, desde que
soube que iria visitar a paróquia Sagrada Família, no Bañado Norte,
lembrou da história de José, Maria e Jesus, que tiveram que deixar sua
casa e se refugiar em outros lugares.
“Tiveram de deixar o que
lhes pertencia e deslocar-se a outra terra; uma terra onde não conheciam
ninguém, onde não tinham casa, nem família. Foi então que aquele jovem
casal teve Jesus; em tal contexto, aquele jovem casal deu-nos de
presente Jesus. Estavam sozinhos, numa terra estranha, os três. De
repente, começaram a aparecer pastores; pessoas como eles, que tiveram
de deixar o que possuíam a fim de obter melhores oportunidades
familiares”, declarou.
“Acontece o mesmo, quando Jesus aparece na
nossa vida. É isto que desperta a fé. A fé nos faz próximos,
aproxima-nos da vida dos outros. A fé desperta o nosso compromisso com
os outros, desperta a nossa solidariedade. Uma virtude humana e cristã
que vocês têm e nós devemos aprender”, acrescentou.
“Eu venho como
aqueles pastores de Belém. Quero fazer-me próximo. Quero abençoar a
vossa fé, abençoar as vossas mãos, abençoar a vossa comunidade”,
prosseguiu o papa em sua mensagem.
O Bañado Norte é um bairro que
sofre, entre outros problemas,com as fortes chuvas que provocam o
transbordamento do rio Paraguai e com “o abandono do Estado”, como
denunciaram os moradores.
“O Estado não se ocupou de nós e não nos
olha agora com bons olhos. Não nos veem como pessoas de direitos, mas
para seus responsáveis somos, como nos costumam dizer, ‘um passivo
social”, lamentou María García, coordenadora do bairro.
Francisco
provou, em uma das vielas do bairro, um “mbeju” (tipo de torta de
amido), mate e sopa paraguaia (bolo salgado de milho e queijo), um café
da manhã típico paraguaio preparado por uma das moradoras.
Após a
visita ao Bañado, Francisco foi à esplanada do parque Ñu Guazu, onde era
esperado por centenas de milhares de pessoas para celebrar uma missa. Via UOL.
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