A Caixa Econômica Federal prevê poder
economizar até R$ 1,5 bilhão por ano, a partir de 2018, com o plano de
demissão voluntária (PDV) desenhado para este ano. A ideia do banco
estatal é conseguir o desligamento de 10 mil funcionários, ou quase 10%
do total de empregados atual.
O banco ainda negocia com a União, sua
controladora, os detalhes do plano. Para incentivar a adesão, a Caixa
deve pagar 10 salários extras e garantir o plano de saúde por um tempo
que ainda está em discussão – neste período, se o funcionário reunir
condições de se aposentar, o plano de saúde fica pelo resto da vida. O
PDV será oferecido a todos os funcionários, e não apenas aos que já
puderem se aposentar.
No último ano, a Caixa cortou o número
de funcionários de 100,3 mil para 97 mil. No acumulado de janeiro a
dezembro de 2016, o banco gastou R$ 15,6 bilhões com pessoal, ante R$
14,3 bilhões do mesmo período de 2015, crescimento de 9,2%. O impacto
maior no gasto foi com o aumento do salário dos funcionários, definido
em convenção coletiva.
Eficiência. O presidente da Caixa,
Gilberto Occhi, colocou como principal desafio do banco em 2017 melhorar
a eficiência, reduzindo despesas e aumentando a geração de receitas. O
banco também monitora o desempenho de cem agências deficitárias.
A Caixa foi usada nos últimos anos pelo
governo do PT como locomotiva do crédito no País, estratégia para
impulsionar a atividade econômica. Dessa forma, a instituição conseguiu
aumentar sua participação no mercado, mas essa expansão do crédito
também provocou efeitos colaterais, como o aumento do nível de calotes.
O alto número de agências deficitárias
também é consequência dessa política. Desde 2010, a Caixa abriu 1.329
agências. A análise da direção do banco é que não se faz mais necessária
toda essa estrutura, ainda mais com a mudança dos hábitos dos clientes,
que cada vez mais optam pelos serviços pelo computador ou pelo
smartphone.
Um empecilho para o fechamento das
agências é o fato de as unidades serem usadas para o pagamento de
benefícios sociais, como o Bolsa Família, mas a avaliação é de que esse
serviço poderia ficar restrito às casas lotéricas. O banco tem
atualmente 4,2 mil agências e pontos de atendimento e 25 mil
correspondentes Caixa Aqui e Lotéricos.
Para Eduardo Araújo, presidente do
Sindicato dos Bancários de Brasília, ligado à Central Única dos
Trabalhadores (CUT), o banco terá de contratar novos funcionários para
repor esses servidores que aderirem ao PDV, senão haverá prejuízo no
atendimento à população. “As agências da Caixa têm forte atendimento
social. Sempre estão cheias, com filas. Ainda mais agora, com o saque
das contas inativas do FGTS. Se não houver reposição, vai ficar
insuportável”, afirma.
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