O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse ontem (6) que as
mortes de pelo menos 33 presos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo
(Pamc), na zona Rural de Boa Vista (RR), foram resultado de um acerto
de contas entre integrantes da mesma facção, o PCC (Primeiro Comando da
Capital). Moraes negou que as mortes sejam “uma retaliação” do PCC a
outra facção, a Família do Norte (FDN), após chacina em presídio de
Manaus com a morte de 56 presos. As duas organizações criminosas
disputam o controle do tráfico de drogas e o interior das unidades
prisionais do Amazonas.
“Segundo dados que me foram passados, desde as últimas rebeliões [no
presídio de Roraima] houve a separação das facções nesse presídio. Todos
[os mortos naquele presídio] eram ligados à mesma facção, que é o PCC.
Dos 33 mortos, três eram estupradores e os demais eram rivais internos
que haviam traído os demais. Então, na linguagem popular, trata-se de um
acerto de contas interno”, disse o ministro, ao ressaltar o caso é
grave.
Diante do ocorrido, Moraes vai ainda hoje a Roraima para se reunir
com a governadora do estado, Suely Campos. O ministro negou que a
situação do presídio do estado tenha saído do controle, mas admitiu se
tratar de uma “situação difícil”.
“Roraima já teve problemas no segundo semestre do ano passado, com 18
mortes em consequência de rebeliões. [No que se refere] à questão de
termos rebeliões ou mortes, talvez tenha sido um grande erro cuidar
apenas do problema”, disse.
Moraes falou sobre as mortes após detalhar o Plano Nacional de Segurança, no Palácio do Planalto.
Segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania de Roraima, o tumulto na
unidade começou durante a madrugada. Policiais do Batalhão de Operações
Especiais (Bope) da Polícia Militar entraram no presídio no começo da
manhã e a situação já está sob controle. As autoridades estaduais ainda
não divulgaram detalhes sobre o ocorrido. De acordo com a imprensa
local, que divulgou imagens como sendo de hoje, presos podem ter sido
decapitados. A Pamc é o maior presídio de Roraima.
As mortes em Roraima ocorrem na mesma semana em que 60 presos foram
assassinados em estabelecimentos prisionais do Amazonas. O governo
federal anunciou ontem o Plano Nacional de Segurança Pública para tentar
reduzir o número de homicídios dolosos e feminicídios; promover o
combate integrado à criminalidade transnacional e a racionalização e a
modernização do sistema penitenciário.
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