terça-feira, agosto 22, 2017

TÉCNICA EXTINGUE LEMBRANÇAS QUE CAUSAM FOBIAS E ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO.

O cérebro evoluiu para a sobrevivência em ambientes hostis. Quanto mais cedo um perigo for detectado e mais rápida for a reação do organismo, maiores as chances de escapar ileso. Por isso, é muito comum que animais, incluindo os humanos, associem certos estímulos sensoriais com uma reação imediata de medo. Se um rato ouve um galho quebrando, olha para trás e vê uma cobra, por exemplo, esse medo voltará todas as vezes em que ele ouvir o mesmo barulho.
 
Mas há uma grande falha nesse mecanismo. Ele pode associar o medo a um estímulo que não se relaciona diretamente a um perigo, como acontece nas fobias e no estresse pós-traumático. Por um lado, é importante que um soldado reaja rapidamente ao som de um tiro. Por outro, seria desgastante para ele sentir ansiedade cada vez que visse uma arma. Uma pesquisa recente mostrou ser possível apagar essas memórias que causam medo. Pelo menos em ratos.
 
Cientistas da Universidade da Califórnia, Riverside, nos Estados Unidos, utilizaram a técnica que combina emissão de luz e genética, a optogenética, para enfraquecer as conexões entre os neurônios responsáveis por transmitir estímulos sensoriais para a amígdala cerebral, responsável pelas emoções e pela memória. Ratos que aprenderam a associar um som com um choque elétrico, paralisando de medo a cada vez que ouviam o barulho, pararam de ter essa reação emocional após o procedimento.
 
Além disso, memórias de outros estímulos não foram afetadas, mostrando que é possível selecionar quais serão apagadas. “Nesse estudo, primeiro, marcamos uma população de neurônios que respondiam a um som associado a um estímulo negativo, como um choque. Como esses neurônios marcados reagem à luz, conseguimos enfraquecer a conexão entre eles e a amígdala”, resume Jun-Hyeong Cho, um dos pesquisadores envolvidos. O estudo, divulgado nesta semana na revista Neuron, ajuda a desvendar os mecanismos de formação de memórias no cérebro e pode abrir caminho para o uso da técnica em tratamentos com humanos.

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