O procurador do Ministério Público Federal e coordenador da
força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba, Deltan Dallagnol, disse na manhã
de hoje (28) que "um grande número de parlamentares" atua contra o
aprimoramento das instituições e afirmou que a composição atual do
Congresso Nacional não tem o perfil para aprovar reformas contra a
corrupção.
"Tanto evitar retrocessos e ataques à Lava Jato como
avançar reformas dependem essencialmente do Congresso. E percebemos,
quando o Congresso, há um ano, destruiu, desfigurou, as dez medidas
contra a corrupção e substituiu por medidas a favor da corrupção, que
esse Congresso não tem um perfil para aprovar reformas anticorrupção".
O
procurador voltou a afirmar que as eleições de 2018 serão a "batalha
final contra a corrupção", ao defender a eleição de políticos
comprometidos com a democracia e com a luta contra a corrupção, em vez
de pessoas contra as quais "pesam fortes evidências de corrupção".
"A
alternativa é se a maioria desse Congresso não aprovar reformas
anticorrupção, então vamos colocar lá pessoas que aprovem. Nisso, 2018
representa um marco", disse, ponderando que há parlamentares
comprometidos com o combate à corrupção.
"Existem, sim, alguns
parlamentares bons, honestos, e comprometidos com a luta contra a
corrupção, mas temos visto a evidência de um grande número de
parlamentares que trabalham em um sentido oposto ao aprimoramento das
instituições, ao fortalecimento da transparência, da integridade, à
melhora de regras de licitação e à melhora de regras para o
funcionamento efetivo do sistema de justiça criminal".
O
procurador usou como exemplo a discussão da reforma política e criticou o
encaminhamento do debate no Congresso Nacional, que, na visão dele,
preocupou-se apenas com as formas de arrecadar dinheiro para a campanha
eleitoral.
"A primeira discussão deveria ser como fazemos uma
campanha mais barata, sem recursos para campanhas midiáticas,
hollywoodianas, e com filmes que acabam convencendo pessoas de que
qualquer cidadão, mesmo contra quem pesam fortes evidências de
corrupção, sejam candidatos a senador ou deputado, são excelentes
pessoas que deveriam ser eleitas".
Dallagnol comentou o caso
específico do Rio de Janeiro e disse que, no estado, a "corrupção se
tornou palpável em sofrimento humano". O coordenador da Lava-Jato em
Curitiba disse que a votação na Assembleia Legislativa que aprovou a
soltura dos deputados estaduais Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson
Albertassi, todos do PMDB, deve servir de alerta para os eleitores.
Os
parlamentares tiveram a prisão decretada pela Justiça Federal, mas
foram soltos após decisão do plenário da Assembleia Legislativa do
Estado do Rio de Janeiro, que seguiu procedimento semelhante ao do
Senado no caso do senador Aécio Neves (PSDB-MG). Para Dallagnol,
submeter a decisão judicial ao plenário do Legislativo desequilibra os
Poderes.
"A tendência é que se reaja contra as investigações,
como a própria Alerj fez quando libertou políticos contra os quais pesam
fortes evidências de corrupção. O que aconteceu no Rio de Janeiro tende
a ser uma amostra do que pode vir a acontecer no país, no Congresso
Nacional, se não trocarmos os nossos representantes".
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