sexta-feira, janeiro 04, 2019

Ministério da Saúde retira do ar cartilha para população trans.

Uma cartilha dirigida a homens trans foi tirada do site do Ministério da Saúde na quarta-feira, 2, seis meses depois de ser lançada. Produzido pela pasta em parceria com organizações não-governamentais, o material traz dicas de prevenção de infecções sexualmente transmissíveis voltadas para essa população: pessoas que, ao nascer, foram consideradas do sexo feminino, mas que se definem como do gênero masculino.

A retirada de circulação ocorreu um dia depois da posse do presidente Jair Bolsonaro e foi atribuída à necessidade se fazer correções no material. Uma das páginas da cartilha exibe um esquema do órgão sexual feminino e um desenho de uma espécie de seringa invertida, batizada de “pump”, usada para aumentar o clitóris.

O ministério justificou que o esquema deveria vir acompanhado de esclarecimentos. Não informou, no entanto, porque essa eventual “falha” foi identificada apenas seis meses depois do lançamento do material e se ele será colocado novamente no site.

O uso do “pump” é controverso, uma vez que poderia aumentar o risco de traumas, lesões e infecções no órgão sexual, afirmam técnicos do ministério. A argumentação ainda é de que a prática é feita para obtenção do prazer e, por isso, não deveria ser abordada pelo ministério.

Integrantes da equipe da pasta ligada à prevenção afirmam, no entanto, que o “pump” tem, sim, de ser abordado e que a inclusão foi feita justamente como um alerta para a necessidade de que a seringas somente sejam usadas com higienização adequada.

A diretora do Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das Infecções Sexualmente Transmissíveis, HIV/Aids e Hepatites Virais, Adele Benzaken, é a primeira da lista de organizadores e colaboradores da cartilha. A reportagem entrou contato com ela, mas não obteve resposta.

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, também não se pronunciou. Em discurso feito na cerimônia de transmissão de cargo, na quarta-feira, 2, Mandetta afirmou ter compromisso com a família e com a fé. “Não se chega a cargo de tamanho de responsabilidade sem ter um compromisso muito grande com a família, com a fé, com o país, com a noção de pátria”, disse.

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