segunda-feira, junho 01, 2020

Chamado de “covarde”, Moro responde que políticas são construídas com “diálogo”.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, respondeu o presidente Jair Bolsonaro que, na manhã desta segunda-feira (1º), o chamou de 'covarde' ao acusá-lo de dificultar a posse e o porte de armas no Brasil. Na reunião ministerial de 22 de abril, Bolsonaro pressionou o ex-ministro a assinar uma portaria para ampliar o limite para a compra de munições no País e defendeu armar a população contra governantes que impõem quarentena em estados e municípios.

Em nota divulgada nesta segunda, Moro defendeu o isolamento social como medida mais eficaz de combate à pandemia e criticou o que classificou como 'ofensas e bravatas' do governo.

O ex-ministro declarou ter procurado Secretários de Segurança dos Estados e do Distrito Federal, durante a pandemia, na tentativa de 'evitar ao máximo o uso da prisão como sanção ao descumprimento de isolamento e quarentena', mas reconheceu que a medida está prevista na Constituição para aqueles que, cientes de estarem infectados, não cumpram isolamento. Moro acusou ainda o presidente de tentar utilizar políticas de flexibilização de posse e porte de armas para 'promover espécie de rebelião armada contra medidas sanitárias impostas por Governadores e Prefeitos'

O ex-ministro criticou também a revogação de normas que tratam sobre controle de armas e munições, sob o risco de 'desvio do armamento destinado à proteção do cidadão comum para beneficiar criminosos'. No mês passado, por determinação do presidente, o Ministério da Defesa revogou três portarias do Exército Brasileiro que, na prática, dificultavam o acesso do crime organizado a munições e armamentos extraviados das forças policiais do País. O Ministério Público Federal acionou a Justiça para que as medidas sejam retomadas.

A falta de alinhamento do ex-juiz da Lava Jato com a política armamentista do governo já havia sido expressa pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). Em depoimento prestado à Polícia Federal, a parlamentar afirmou que o presidente Jair Bolsonaro 'não confiaria' no ex-diretor-geral da corporação, Maurício Valeixo, porque Moro era um 'desarmamentista'. Zambelli foi convocada a depor no âmbito do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar se houve tentativa de interferência indevida de Bolsonaro na PF, como apontou Moro ao deixar o governo.

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