O choro de alguns jogadores da seleção brasileira na partida pelas
oitavas de final contra o Chile, no último dia 28, levantou dúvidas
entre os torcedores sobre a preparação emocional do time para enfrentar
as próximas e decisivas etapas desta Copa do Mundo.
O doutor em psicologia do
desenvolvimento e professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie,
Aurélio Melo, disse que existe uma pressão psicológica muito forte sobre
os atletas que leva ao choro durante o jogo. Como a Copa ocorre no
Brasil pela segunda vez (a primeira foi em 1950), há uma expectativa
imensa do povo, que coloca sobre os ombros dos jogadores uma
responsabilidade muito grande.
“É diferente, por exemplo, da Colômbia,
que está jogando, está feliz, está alegre, mas ninguém esperava. Ela vem
se superando”. No caso brasileiro, acontece o contrário, segundo o
especialista: “O Brasil está jogando em casa, tem cinco campeonatos, tem
que ganhar. Essa é uma situação psicologicamente adversa para o
indivíduo, de maior dificuldade”, disse à Agência Brasil.
Segundo Melo, se apenas um jogador
tivesse se emocionado no jogo contra o Chile, isso poderia ser atribuído
a uma característica de personalidade. Mas como foram muitos atletas a
chorar ou demonstrar sofrimento diante da pressão, a reação pode ser
considerada “uma circunstância coletiva e não apenas ligada a
características de personalidade”.
O especialista disse que, no caso do
goleiro Julio Cesar, apontado com responsável pela desclassificação do
Brasil na última Copa, a emoção era esperada, porque, com a vitória
sobre o Chile dos pênaltis, respondeu à cobrança de anos atrás. “Ele
tinha uma necessidade de provar, digamos, a inocência depois de quatro
anos e a situação aumentou esse teste”.
Para melhorar desempenho emocional nos
próximos confrontos na Copa, Melo sugere que os jogadores corram mais,
joguem mais. “Nada de se lamentar, se vitimizar ou se responsabilizar.
Você tem que agir. O corpo é a grande razão, ele não mente. A alegria é
um sentimento que potencializa o indivíduo”.
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