Vistas como principal esperança no controle das epidemias de dengue no
País, as duas vacinas contra a doença em estágio mais avançado de
estudos só poderão ser aplicadas no grupo da população que reúne o menor
número de mortos por complicações da doença. Serão indicadas para
crianças, adolescentes e adultos de até 59 anos, grupo que concentrou
40% das 290 mortes por dengue neste ano.
Não serão beneficiados pelo imunizante
os idosos, grupo que, segundo dados inéditos do Ministério da Saúde,
concentra 60% das mortes – 172 casos até o dia 9 de maio. O processo de
envelhecimento do organismo e a frequente presença de doenças crônicas
fazem deles os pacientes mais vulneráveis.
A condição clínica do idoso também
impede, por uma questão de segurança, que ele participe dos primeiros
testes clínicos de um imunizante. Sem estudo específico, ele não pode
receber a vacina até que fique comprovado que não trará riscos à saúde. A
mesma lógica vale para outras populações vulneráveis, como crianças com
menos de 2 anos, gestantes e portadores de doenças crônicas.
Nem a vacina do laboratório francês
Sanofi Pasteur nem a do Instituto Butantã, as mais adiantadas, foram
testadas na faixa etária acima de 60 anos. “Toda vez que você registra
uma vacina, se ela é preventiva, você habitualmente trabalha com
populações saudáveis. Posteriormente ao registro, você começa a fazer
estudos em populações específicas, para ver como ela atua em diabéticos,
hipertensos. Os idosos são uma dessas populações que só poderiam ser
vacinadas posteriormente”, explica Alexander Precioso, diretor de
ensaios clínicos do Instituto Butantã.
“Como a vacina tem vírus ativo, não
podemos correr o risco de testá-la inicialmente em idosos, que já têm um
organismo mais frágil. Quando aprovada, ela será indicada para pessoas
saudáveis. O uso em outros grupos precisaria de mais estudos”, diz Lúcia
Bricks, uma das diretoras médicas da Sanofi.
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