Celebrando a identidade e os valores comuns do Brasil e dos EUA, os
presidentes Dilma Rousseff e Barack Obama se encontraram ontem na Casa
Branca para colocar fim a quase dois anos de abalo na relação bilateral.
O americano disse que o Brasil é um ator global e “parceiro
absolutamente indispensável” no enfrentamento de desafios mundiais,
entre os quais a mudança climática, que teve lugar de destaque no
encontro.
O apoio de Obama ocorre num dos períodos de maior turbulência
política e econômica da gestão Dilma, iniciada em janeiro de 2011. “Eu
acredito que esta visita marca mais um passo em um novo e mais ambicioso
capítulo no relacionamento entre nossos países. Nós estamos focados no
futuro”, disse Obama ao lado de Dilma, na entrevista coletiva no Salão
Leste da Casa Branca. Após uma jornalista brasileira ter citado o termo
“potência regional” para se referir ao Brasil, o presidente americano
tomou a palavra e afirmou: “Não enxergamos o Brasil como uma potência
regional, mas como uma potência global”.
Dilma afirmou que a ida a Washington representou o “relançamento” das
relações bilaterais, virtualmente congeladas desde que ela cancelou a
visita de Estado que faria a Washington em 2013, em protesto contra a
espionagem de suas comunicações pela Agência de Segurança Nacional
(NSA).
A brasileira se dirigiu ao americano como “querido presidente”,
enquanto ele a chamou de “parceira e amiga”. Na maior parte das vezes em
que se referiu à visitante, Obama usou o seu primeiro nome, algo pouco
usual no protocolo americano, no qual líderes são tratados pelo
sobrenome. “Dilma, eu quero agradecer o seu compromisso de levar a
parceria entre nossos países a um novo patamar.”
Confiança
Sobre as dificuldades de reconstruir a confiança da relação bilateral no
momento em que Dilma enfrenta uma crise política doméstica, Obama
respondeu: “Eu confio nela totalmente. Ela sempre foi muito honesta e
franca comigo sobre os interesses do povo brasileiro e sobre como
podemos trabalhar junto. Ela cumpriu o que prometeu”.
Questionada pela imprensa se o episódio da NSA estava superado, a
presidente observou que “algumas coisas mudaram” desde 2013. Segundo
Dilma, Obama e o governo americano declararam “em várias oportunidades”
que não haveria mais “atos de intrusão” em países amigos. “Eu acredito
no presidente Obama. E tem mais: ele também me disse que, se precisar de
alguma informação não pública sobre o Brasil, ele me telefonaria. Então
eu tenho certeza de que as condições passaram a ser bastante diferentes
agora”, afirmou.
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