Joanna Giannouli, de 27 anos, sofre de uma condição que
determinou que ela nascesse sem vagina, colo do útero e útero. Ela
explica os desafios de viver com uma síndrome que afeta uma em cada 5
mil mulheres no mundo:
"Quando fui com minha família pela
primeira vez ao médico, meu pai tentou mostrar coragem. Minha mãe, por
outro lado, não aceitou bem. Ela se culpou pelo que tinha acontecido e
foi muito doloroso vê-la daquela maneira.
Não conversamos muito
sobre o assunto pelos primeiros cinco anos. Eu não conseguia. Senti-me
destruída e incrivelmente fraca. Minha mãe acredita que pode ter feito
algo de errado durante a gravidez. Eu já expliquei que não foi isso,
apenas genes. Minha condição é estigmatizada. E o mais doloroso foi
quando meu parceiro me abandonou depois de descobrir o que tinha.
Estava noiva quando tinha 21 anos, vivendo em Atenas. Quando contei a
ele sobre minha condição, ele terminou comigo. Tudo isso agora pertence
ao passado e estou bem agora. Felizmente, pelos últimos cinco anos
estive em um relacionamento amoroso estável. Ele soube desde o início e
escolheu ficar comigo. Sabe que nosso futuro não terá crianças. Ele está
OK com isso e eu também. Sou uma das pessoas mais afortunadas (com essa
condição). Minha mãe me levou ao médico quando eu tinha 14 anos porque
eu não estava menstruando. Ele não me examinou porque não queria tocar
minha genitália e, quando fiz 16 anos, fui enviada a um hospital para um
check-up.
Os médicos descobriram que eu não tinha canal vaginal e
sofria da Síndrome de Rokitansky. Tinha nascido sem uma vagina funcional
e os médicos tiveram que construir uma para mim para que eu pudesse ter
relações sexuais. Fiquei duas semanas no hospital e precisei ficar em
casa três meses de cama - não podia me levantar. Fiz exercícios vaginais
para expandir meu novo canal vaginal. O primeiro sinal da minha
condição é justamente a ausência de menstruação. E você não pode fazer
sexo. Minha cirurgia em Atenas foi revolucionária. A vagina construída
pelos médicos era estreita e pequena e causava imensa dor quando eu
tinha relações sexuais. Precisei expandir meu períneo, uma pequena área
abaixo da vagina, com exercícios.
Estava OK fisicamente,
mas não emocionalmente. É um fardo de que você não pode se livrar. Tive
namorados que abusaram de mim emocionalmente. Por muitos anos não pude
ter um relacionamento estável. Sentia raiva, culpa e vergonha. Lutei
contra depressão, ansiedade e ataques de pânico. Via Bol.
Nenhum comentário:
Postar um comentário