Em um mundo cada vez mais tecnológico e acelerado, a depressão também
tem crescido de uma maneira que preocupa governos e entidades como a OMS
(Organização Mundial de Saúde). A entidade já alertou que atualmente a
depressão é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a
segunda até 2021. No Brasil, os números de casos de depressão e doenças
ligadas a ela, como trantornos de ansiedade, de estresse pós-traumático e
de compulsão alimentar, também crescem.
Segundo pesquisa da IMS Health, em 2016 a venda de antidepressivos e
estabilizadores de humor cresceu 18,2% no Brasil, totalizando um
comércio que gerou R$ 3,4 bilhões, abaixo apenas do setor de
analgésicos, cujas vendas foram de R$ 3,8 bilhões. Tal avanço, na
opinião do psiquiatra Bruno Nazar, da UFRJ (Universidade Federal do Rio
de Janeiro) e pesquisador do King´s College de Londres, é decorrente
basicamente de dois fatores.
— As causas podem ser aumento do número de casos e também de um
crescimento do número de casos diagnosticado. Os profissionais passaram a
conhecer melhor o quadro e entender melhor a ajuda que podem dar para a
população. Em termos de saúde pública, as camadas da população menos
favorecidas estão começando a ter acesso a essas tecnologias.
Isso
não quer dizer, segundo o especialista, que o atendimento a esse tipo
de caso no Brasil seja suficiente. Atualmente, a depressão atinge em
torno de 7% da população brasileira (17 milhões de pessoas), segundo a
OMS. Nazar afirma que a rede pública já possui profissionais que se
dedicam a fazer o atendimento primário, supervisionados por psiquiatras
em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e no PSF (Programa Saúde da
Família). Mas, se nos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo
ainda há carência, fora deles a defasagem é ainda maior.
— As camadas menos favorecidas estão tendo mais acesso a tratamentos
com antidepressivos não só pelas instituições, mas também pelo
fornecimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que é algo recente nos
últimos anos, mas ainda não podemos dizer que seja uma prática corrente
no Brasil.
A desinformação e o preconceito a respeito da doença não atingem
somente as classes sociais mais baixas. O psiquiatra acrescenta que
também a população mais rica sofre com o problema, apesar de, quando
detectado, a mesma tem um acesso muito maior ao tratamento.
Para a psiquiatra Evelyn Vinocur, membro titular da Associação
Brasileira de Psiquiatria, a depressão também é uma doença psicossocial,
não sendo necessariamente decorrente de fatores genéticos, que
interferem no desequilíbrios de neurotrasmissores do cérebro.
— Há várias causas, quanto mais a população envelhece mais tem
doenças crônicas que levam à depressão. Não é só a parte hereditária e
genética. De dois anos para cá, as pessoas estão muito mais estressadas,
ansiosas, deprimidas, com sintomas característicos da psiquiatria.
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