segunda-feira, janeiro 30, 2017

Venda de antidepressivos no Brasil cresce com o aumento de casos ligados à depressão,

Em um mundo cada vez mais tecnológico e acelerado, a depressão também tem crescido de uma maneira que preocupa governos e entidades como a OMS (Organização Mundial de Saúde). A entidade já alertou que atualmente a depressão é a quarta causa global de incapacidade e deve se tornar a segunda até 2021. No Brasil, os números de casos de depressão e doenças ligadas a ela, como trantornos de ansiedade, de estresse pós-traumático e de compulsão alimentar, também crescem.

Segundo pesquisa da IMS Health, em 2016 a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor cresceu 18,2% no Brasil, totalizando um comércio que gerou R$ 3,4 bilhões, abaixo apenas do setor de analgésicos, cujas vendas foram de R$ 3,8 bilhões. Tal avanço, na opinião do psiquiatra Bruno Nazar, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e pesquisador do King´s College de Londres, é decorrente basicamente de dois fatores.

— As causas podem ser aumento do número de casos e também de um crescimento do número de casos diagnosticado. Os profissionais passaram a conhecer melhor o quadro e entender melhor a ajuda que podem dar para a população. Em termos de saúde pública, as camadas da população menos favorecidas estão começando a ter acesso a essas tecnologias.

Isso não quer dizer, segundo o especialista, que o atendimento a esse tipo de caso no Brasil seja suficiente. Atualmente, a depressão atinge em torno de 7% da população brasileira (17 milhões de pessoas), segundo a OMS. Nazar afirma que a rede pública já possui profissionais que se dedicam a fazer o atendimento primário, supervisionados por psiquiatras em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e no PSF (Programa Saúde da Família). Mas, se nos grandes centros como Rio de Janeiro e São Paulo ainda há carência, fora deles a defasagem é ainda maior.

— As camadas menos favorecidas estão tendo mais acesso a tratamentos com antidepressivos não só pelas instituições, mas também pelo fornecimento pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que é algo recente nos últimos anos, mas ainda não podemos dizer que seja uma prática corrente no Brasil.

A desinformação e o preconceito a respeito da doença não atingem somente as classes sociais mais baixas. O psiquiatra acrescenta que também a população mais rica sofre com o problema, apesar de, quando detectado, a mesma tem um acesso muito maior ao tratamento.

Para a psiquiatra Evelyn Vinocur, membro titular da Associação Brasileira de Psiquiatria, a depressão também é uma doença psicossocial, não sendo necessariamente decorrente de fatores genéticos, que interferem no desequilíbrios de neurotrasmissores do cérebro.

— Há várias causas, quanto mais a população envelhece mais tem doenças crônicas que levam à depressão. Não é só a parte hereditária e genética. De dois anos para cá, as pessoas estão muito mais estressadas, ansiosas, deprimidas, com sintomas característicos da psiquiatria.

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