A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na noite de ontem quarta-feira (10/05) que o juiz Sérgio Moro
fez perguntas alheias ao escopo do processo no interrogatório que durou
toda a tarde. Segundo os advogados, isso só reforçou o argumento da
defesa de que se trata de "um processo jurídico para fins políticos".
"O juiz Sérgio Moro buscou saber até mesmo a opinião a respeito do
julgamento no STF e políticas públicas em seu governo", disse o advogado
Cristiano Zanin Martins, em entrevista coletiva concedida logo após o
depoimento. Segundo ele, Moro quis saber a opinião de Lula sobre o
julgamento do mensalão.
"A pergunta que ele fez, textualmente,
foi: \'Qual é a opinião do senhor sobre o julgamento do STF no caso do
mensalão? Quando é que uma pessoa naquela condição tem que dar opinião
sobre um caso que não tem nada a ver?", afirmou. O advogado disse que
Lula também foi questionado sobre o sítio de Atibaia, o que também não
está no escopo da ação penal para a qual o ex-presidente prestou
depoimento nesta quarta-feira.
"É evidente que ele jamais poderia ter sido perguntado nessa linha de
dar opinião sobre julgamento no Supremo ou atos de seu governo, o que
mostra na verdade é o que está em discussão não é o triplex, mas o
governo do ex-presidente Lula, eleito democraticamente", disse. Segundo
Martins, isso comprova que essa ação penal é um "procedimento jurídico
para fins políticos". Ele afirmou que a assessoria jurídica orientou o
ex-presidente a responder apenas ao que está na denúncia.
O
advogado José Roberto Batochio afirmou que os procuradores se
interessaram em perguntar sobre os custos do armazenamento dos presentes
recebidos por Lula durante seu mandato como presidente. "O depoimento
mostrou duas coisas: sua inocência, que não é proprietário do triplex e
não participou de qualquer ato ilícito na Petrobras", disse. Lula
prestou depoimento por mais de cinco horas na sede da 13.ª Vara da
Justiça Federal. Foi a primeira vez que ele esteve frente a frente com o
juiz Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato em primeira
instância.
O ex-presidente depôs na condição de réu na ação penal
que investiga se ele recebeu vantagens indevidas da construtora OAS. De
acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF),
Lula teria recebido um total de R$ 3,7 milhões em propinas na aquisição e
reforma de um apartamento triplex na praia do Guarujá e no
armazenamento de presentes recebidos por ele enquanto presidente da
República. Via G1.
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