terça-feira, março 20, 2018

Bispo de Formosa e padres compraram fazenda de gado e lotérica com dinheiro desviado do dízimo, apontam escutas telefônicas

Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontam que o bispo de Formosa, Dom José Ronaldo, e quatro padres compraram uma fazenda de criação de gado e uma casa lotérica com dinheiro desviado de dízimos e doações. Os clérigos e funcionários administrativos foram presos nesta segunda-feira (19) durante a Operação Caifás. Dinheiro foi apreendido escondido no fundo falso do guarda-roupa do monsenhor. 

De acordo com o Ministério Público, responsável pela denúncia, eles teriam dado prejuízo superior a R$ 2 milhões aos cofres da Igreja Católica. O promotor Douglas Chegury disse que ele denunciado pelo mesmo motivo quando estava em Minas Gerais.
"O bispo enfrentou esse mesmo tipo de problema e resistência lá na Diocese de Janaúba (MG). Então ele veio transferido de lá para cá e aqui ele implementou um esquema semelhante ao que ele operava lá", declarou.

O G1 tentou contato por telefone e mensagem com a Diocese de Formosa, mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem. A reportagem também procurou a Diocese de Janaúba e aguarda resposta ao e-mail. Por telefone, uma funcionária disse não ter autorização para passar informações.

Na decisão que determinou a prisão temporária do grupo, o juiz Fernando Oliveira Samuel citou ainda que há indícios de que o dinheiro era usado para bancar despesas pessoais e que carros da Diocese de Formosa – responsável por gerir as paróquias do Nordeste goiano – eram usados com fins particulares. 

“[Apuração aponta que as verbas arrecadadas] estão sendo sistematicamente desviados por ordem de José Ronaldo e igualmente aprovados em favor dos demais clérigos, chegando ao ponto na participação efetiva em atividades econômicas (pelo menos, atividade de pecuária e de exploração de casa lotérica). Além disso, é possível que veículos adquiridos pela diocese estejam sendo destinados para uso particular do Padre Moacyr na cidade de Posse”, declarou o juiz.

O juiz afirmou ainda que os padres forjavam informações para que as contas das igrejas de Posse, Formosa e Planaltina fossem ajustadas. À TV Anhanguera, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) disse estar buscando informações para conhecer melhor a denúncia.
 
As investigações começaram após denúncias de fiéis que relataram desvios iniciados em 2015. Em dezembro de 2017, o bispo negou haver irregularidades nas contas da Diocese de Formosa.

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