Os supermercados brasileiros desperdiçaram, no ano passado, o
equivalente a R$ 3,9 bilhões em frutas, legumes e verduras e produtos
das sessões de padaria, peixaria e açougue. Na comparação com 2016,
houve queda de R$ 54,2 milhões. Os dados foram divulgados nesta
quarta-feira (15) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras),
na capital paulista.
O levantamento, feito em parceria com a Fundação Instituto de
Administração (FIA/Provar), considerou números de 2.335 supermercados do
país. Apenas em frutas, verduras e legumes, o desperdício atingiu R$
1,8 bilhão no ano passado, aproximadamente R$ 600 mil a mais do que em
2014.
O superintendente da Abras, Márcio Milan, disse que sensibilizar o
setor supermercadista para o desperdício é mais importante do que
considerar as perdas financeiras. “Temos que discutir com todo o setor
produtivo. Juntos somos capazes de resolver isso”, afirmou Milan.
Na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp),
empresa estatal de abastecimento que recebe produtos de 1,5 mil
municípios brasileiros e de 14 países e comercializa de 10 a 12 mil
toneladas diariamente, as perdas diárias são estimadas em 1,3%.
Segundo a chefe do Centro da Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da
Ceagesp, Anita Gutierrez, para evitar o desperdício, é importante que o
alimento tenha qualidade no momento da colheita. “O tratamento
pós-colheita – passar cera – ajuda, mas não resolve. Para que se tenha
um bom produto na gôndola, ele tem que ser produzido de maneira
correta”, afirmou Anita.
Podridão
Anita identifica, entra os principais problemas que levam os
alimentos à podridão, danos mecânicos na colheita e na pós-colheita – no
momento da embalagem e no manuseio. A perda de água e os machucados nos
alimentos, além disso, levam à redução considerável de valor.
Outro ponto levantado pela especialista é a diferença de temperatura a
que o produto é submetido no período que abrange da colheita à
embalagem e transporte até o destino final. Certos alimentos são
transportados sob refrigeração e, quando chegam ao destino, levam choque
de temperatura, o que acelera seu metabolismo e leva à perda de
qualidade.
O diretor da Associação Brasileira de Agronegócio, Luiz Cornacchioni,
também destacou que metade das perdas do setor ocorre durante a
logística (processo que envolve armazenagem, circulação e distribuição
de produtos). A comercialização com menos intermediários da roça aos
supermercados, permitindo melhores ganhos tanto para o produtor, e
preços mais baixos para o consumidor, é uma das metas. Via PnoAR.
Nenhum comentário:
Postar um comentário