Empresas cujos contratos assinados com o governo federal superem R$
330 mil anuais serão obrigadas a ter, em seus quadros, presos ou
egressos do sistema prisional. É o que prevê uma portaria assinada hoje
(15) pelos ministros da Segurança Pública, Raul Jungmann, e dos Direitos
Humanos, Gustavo Rocha. A portaria regulamenta decreto assinado em
junho, instituindo a Política Nacional de Trabalho no âmbito do Sistema
Prisional (Pnat).
“Toda e qualquer empresa que vá contratar ou que vença licitação de
mais de R$ 330 mil por ano, terá de contratar um percentual, que começa
em 3% [de egressos ou presos]. Quanto maior for o valor da licitação,
maior será esse percentual, até o máximo de 6%”, disse Jungmann durante a
cerimônia de assinatura da portaria. “Essas empresas terão de contratar
ou presos para fazer trabalho dentro do sistema prisional ou egressos,
que são aqueles que deixam o sistema prisional”, acrescentou o ministro.
Segundo ele, o objetivo é ajudar os presos a terem uma recolocação
produtiva e, dessa forma, evitar que cometam novos crimes.
A fim de facilitar a implementação dessas regras, será criado o Banco
Nacional de Egressos – um cadastro por meio do qual as empresas terão
acesso ao perfil do preso ou do egresso, de forma a identificar aqueles
com melhores condições para ocupar o posto.
Segundo Gustavo Rocha, não há limitação nem restrição com relação ao
preso e ao crime cometido, uma vez que haverá filtros tanto internos ao
sistema prisional como externos, feitos pelo Judiciário. “O filtro final
feito pelo Poder Judiciário, que dará a palavra sobre se é ou não
possível o preso ser enquadrado no perfil que se espera para o
cumprimento do programa”, disse o chefe da pasta de Direitos Humanos.
Para Jungmann, a medida não só ajudará na ressocialização dos presos
como diminuirá o poder das facções criminosas. “Se não encontrarmos
alternativas laborais dentro e fora do sistema prisional, quem está
dentro fica escravo das facções criminosas. E, sem renda, esse preso
provavelmente vai reincidir”, disse destacando que “a ressocialização é o
menor dos custos”.
“Veja bem: 630 mil presos hoje não trabalham nem estudam. O ócio é a
oficina do diabo. Se eles não têm trabalho e não têm renda, eles ficam
escravos das facções e dos amigos dos amigos. E como escravos, eles, ao
sair, vão cometer novos crimes. Ao criarmos um programa para presos e
egressos, nós estamos golpeando as facções criminosas, tirando delas
parte do poder que têm sobre os presos. Seja os que estão dentro do
sistema penitenciário, seja os que estão nas ruas, matando, estuprando
ou cometendo violência”, argumentou o ministro. Via PnoAR.
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