Ao tomar posse ontem terça-feira (10) à noite, o mais novo integrante
da Academia Brasileira de Letras (ABL), o ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, disse que não há tempo a perder para reconstruir a
democracia nos moldes das realidades atuais. Acrescentou que a educação e
a cultura continuam fundamentais e que o momento não é de simples
pregação democrática. "Não se trata só de “ensinar”, mas de “aprender”,
disse ele.
"Não estamos diante de uma elite que sabe e de um povo
que desconhece. O momento é de respeito à pluralidade das identidades
culturais e de reconstrução das instituições para que elas captem e
representem o sentimento e os novos interesses da população" destacou.
Para o ex-presidente, só assim o país poderá manter acesa a chama "da
liberdade, do respeito à representação e da autoridade legítima e evitar
que formas abertas ou disfarçadas de autoritarismo e violência ocupem a
cena”, completou Fernando Henrique.
O ex-presidente foi eleito na
sucessão do acadêmico e jornalista João de Scantimburgo, no dia 27 de
junho deste ano, e ocupa a Cadeira 36, fundada pelo poeta, professor e
jornalista Afonso Celso, que escolheu como patrono o poeta Teófilo Dias.
A cadeira foi ocupada também pelo médico e escritor Clementino Fraga, o
cientista e ensaísta Paulo Carneiro, o diplomata e sociólogo José
Guilherme Merquior.
Em seu discurso, Fernando Henrique ressaltou a
satisfação de fazer parte da ABL: “Ao passar os diplomas de uns a
outros, seus membros mostram a continuidade do respeito à cultura e às
realizações que constroem a história do país".
O ex-presidente
analisou a série de manifestações que ocorre no país nos últimos meses.
Manifestou-se contrário ao uso de máscaras e disse que os protestos
pedem mais transparência. “Não vejo vantagem nenhuma em cobrir o rosto.
Acho que se estamos pedindo transparência é melhor que haja mais
transparência. Também não acho que seja o caso de fazer um carnaval. O
que ofende é o vandalismo. Com máscara ou sem máscara, o vandalismo não
leva ao longe”, completou.
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