Assim que o resultado das eleições
presidenciais foi divulgado, às 20h de (26), os comentários sobre a
participação dos votos do Nordeste na vitória da candidata do PT, Dilma
Rousseff, começaram a surgir nas redes sociais. Segundo o
diretor-presidente da organização não governamental (ONG) SaferNet
Brasil, Thiago Tavares, as páginas na internet e nas redes sociais que
têm violações aos direitos humanos serão investigadas e seus autores
poderão ser punidos. Tavares explica que, assim como quem cria, quem
compartilha um conteúdo de ódio e preconceito também pode ser
responsabilizado criminalmente.
Tavares, que é professor de direito da
informática da Universidade Católica de Salvador, disse hoje (27) que,
desde ontem, a ONG recebeu 421 denúncias referentes a 305 novas páginas
que foram criadas nas redes sociais, especialmente no Twitter e no
Facebook, com o objetivo de promover o ódio e a discriminação contra a
população de origem nordestina. “Lamentavelmente, tudo indica que hoje
essas manifestações devem continuar crescendo e ao longo dessa semana
também”, disse o professor.
Para Tavares, o mais preocupante é que
existem usuários que não são tipicamente criminosos, mas compartilham
mensagens de ódio que muitas vezes são postadas “por grupos de extrema
direita, de orientação neonazista, inclusive, que se sentem legitimados,
fortalecidos e encorajados em momentos como esse e encontram nesses
eleitores inconformados uma espécie de instrumento para propagar esse
tipo de mensagem de ódio e desestabilizar o país”.
A ONG foi criada em 2005 com foco na
defesa dos direitos humanos na internet e é operada em parceria com a
Polícia Federal e o Ministério Público Federal. As denúncias podem ser
feitas de forma anônima na página da SaferNet, apenas copiando o link da
página que tem a violação. A Lei 7.716, de 1989, pune, com pena que
pode chegar a cinco anos de reclusão, aquele que utiliza os meios de
comunicação social, como a internet, para promover o ódio e a
discriminação em razão da raça, cor, etnia, religião ou procedência
nacional.
Segundo Thiago Tavares, da SaferNet, há
dois exemplos emblemáticos de crime de ódio na internet. “Nas eleições
de 2010, a estudante de direito da Universidade Mackenzie, Mayara
Petruso, de 21 anos, declarou no Twitter, logo que saiu o resultado, que
os usuários da rede deveriam fazer um favor a São Paulo e matar um
nordestino afogado. Por conta dessa mensagem, ela foi condenada pela
Justiça Federal, perdeu o estágio, teve que prestar serviço comunitário,
pagar multa, o que gerou um transtorno para a vida dela”, contou.
O outro caso aconteceu nas eleições
deste ano. Segundo Tavares, uma auditora do Trabalho da Bahia foi
indiciada por usar as redes sociais para pregar a violência física e o
ódio contra nordestinos. “Os casos estão começando a chegar no
Judiciário e ele tem se pronunciado no sentido de condenar as pessoas
que tem usado a internet para essa finalidade”, completou.
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