Gisele
Santos, de 22 anos, deixou de frequentar a escola, foi obrigada a
encerrar as contas em redes sociais e já quase não saía de casa quando
resolveu encerrar o relacionamento marcado pelo ciúme doentio do
namorado Élton Jones Luz de Freitas, de 25 anos. Estava cansada das
brigas diárias, que com frequência terminavam em agressões físicas,
especialmente quando o parceiro estava sob efeito de drogas. Há onze
dias, Gisele chamou o namorado para a conversa derradeira após sete anos
de conflito – e que ela adiava sucessivamente por medo das
consequências. Naquele domingo, a primeira reação de Freitas a
surpreendeu: ele ajoelhou-se e implorou perdão. Mas Gisele seguiu firme
em sua decisão: “Eu disse acabou. Ou você sai por aquela porta ou eu
saio”. Foi quando Freitas explodiu em um rompante de fúria e cometeu um
crime bárbaro que chocou a cidade de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul.
Gisele foi espancada e teve as mãos e os pés decepados por um facão.
Depois da
atrocidade, Freitas saiu de casa anunciando que iria se despedir da mãe
porque seria preso. Entregou-se à polícia nas horas seguintes e
confessou o crime. Ele foi encaminhado ao Presídio Central de Porto
Alegre.
Gisele
lembra passo a passo as cenas do filme de terror. Exaltado, Freitas deu
um soco contra o seu rosto, agarrou-lhe os braços e a arremessou. Ela
tentou fugir, saiu do quarto em disparada em direção à porta da sala,
mas o namorado chegou antes, travou a saída e tomou a chave. Gisele
então sacou o celular e tentou fazer uma chamada para a mãe, o que ele
também impediu. Em pânico, ela gritou por socorro, mas não deu tempo.
Freitas avistou o facão que guardava em cima de um armário e disparou o
primeiro golpe contra a cabeça dela. “Não acredito que você abriu minha
cabeça”, gritou, aos prantos, com as mãos ensanguentadas.
Ao tentar
se defender da sequência de golpes, as mãos foram dilaceradas. Freitas
ainda perfurou outras partes do corpo da namorada e deixou a casa com a
certeza de que ela estava morta. “Escutei ele dizer: ‘Vou dar um beijo
na minha mãe porque vou ser preso e você está morta, desgraçada’”,
lembra Gisele.
Gisele
sobreviveu graças à ajuda de uma vizinha que ouviu seus gritos e a
encontrou ensanguentada no quarto. Sua mãe foi acionada pelo telefone e
chegou ao local antes mesmo do socorro médico. Gisele ficou quatro dias
internada na UTI do Hospital Centenário, passou por cirurgias para
reimplantar os pés, mas, as mãos não puderam ser reimplantadas. Seu
estado de saúde ainda é delicado – a rejeição dos implantes não é
descartada.
A família
mudará de cidade por medo de que Freitas seja solto. Os amigos criaram
um grupo no Facebook, batizado “Corrente do Bem”, no qual pedem doações
de fraldas e lenços umedecidos, além de quantias em dinheiro para tentar
comprar próteses. Via Veja.
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