O novo delator da Operação Lava Jato
Carlos Alexandre de Souza Rocha, o Ceará, confirmou à Procuradoria-Geral
da República o pagamento de R$ 10 milhões ao ex-presidente do PSDB
senador Sérgio Guerra (PE) – morto em 2014 – para “abafar” a CPI da
Petrobras de 2009, às vésperas do ano das eleições presidenciais em que
Dilma Rousseff (PT) chegou ao Palácio do Planalto. A revelação sobre o
repasse milionário ao então número 1 do PSDB foi inicialmente revelada
em agosto de 2014 pelo primeiro delator da Operação Lava Jato,
engenheiro Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da
Petrobras. Segundo Costa, o dinheiro foi providenciado pela empreiteira
Queiroz Galvão. O doleiro Alberto Youssef, que também fez delação, já
havia confirmado o pagamento ao PSDB.
O partido nega ter recebido valores
ilícitos. A empreiteira reiteradamente tem negado o repasse. Ceará fez
dezenove depoimentos à Procuradoria-Geral da República, entre 29 de
junho e 2 de julho de 2015. No trecho em que fala dos R$ 10 milhões para
o PSDB, ele apontou o ex-deputado José Janene (PP/PR), morto em 2010 e
apontado como mentor do esquema de propinas na Petrobras. “José Janene
falou claramente o seguinte: ‘A CPI terminou em pizza'”. Segundo Ceará, o
ex-deputado do PP era um dos cabeças do esquema de corrupção instalado
na Petrobras. Foi Ceará quem apontou em sua delação a entrega de R$ 300
mil ao senador Aécio Neves (PSDB-MG) por um executivo da empreiteira UTC
– uma das líderes do cartel que atuou na Petrobras entre 2004 e 2014,
corrompendo e superfaturando preços em contratos bilionários, em conluio
com políticos e executivos da estatal petrolífera.
“Em 2009, Alberto Youssef disse que,
para ‘abafar’ a CPI da Petrobras, teria que entregar R$ 10 milhões para o
líder do PSDB no Congresso Nacional, além de outros valores para outros
políticos”, registra a Procuradoria-Geral da República. “Parte desse
dinheiro deveria ser retirado do ‘caixa’ do Partido Progressista,
formado com propina oriunda de contratos de empreiteiras com a
Petrobras.” O PSDB nacional foi procurado e não respondeu aos
questionamentos. Em outra ocasião, divulgou nota defendendo que o caso
seja investigado. “O PSDB defende que todas as denúncias sejam
investigadas com o mesmo rigor, independente da filiação partidária dos
envolvidos e dos cargos que ocupam.” A Petrobras informou por meio de
nota que não iria se manifestar, “uma vez que o assunto está sendo
investigado pelas autoridades competentes”.
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