A votação da admissibilidade do processo
de impeachment da presidenta Dilma Rousseff no plenário da Câmara dos
Deputados teve ampla repercussão em países sul-americanos.
A imprensa argentina considera provável a
destituição da presidenta e incerto o futuro do Brasil, marcado pela
divisão política, uma recessão histórica e nas mãos de uma oposição
cujos principais membros também são questionados por corrupção.
“Rotundo voto contra Dilma aproxima [a
presidenta] da destituição”, diz o jornal Clarin, ao destacar que o
processo de impeachment pode ainda durar seis meses e que a votação na
Câmara dos Deputados, nesse domingo (17), foi marcada pela “divisão e
pelo clima crispado [tenso], dentro e fora do Parlamento”.
Para o jornal Página 12, o Brasil viveu
um virtual golpe institucional, presidido pelo político mais denunciado
por corrupção [o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha]. Na
matéria, intitulada Um golpe visto vivo e direto, o jornal diz que a
decisão de julgar Dilma Rousseff ficou nas mãos de um parlamentar que é
“réu no Supremo Tribunal Federal”, que até o processo terminar o governo
estará imobilizado e que o vice-presidente, Michel Temer, “sem
legitimidade alguma”, terá que enfrentar “a anunciada oposição duríssima
dos movimentos sociais, dos principais grupos sindicais e de todos os
que não se resignam ao golpe institucional”.
La Nacion, também da Argentina, diz que
“Dilma Rousseff ficou à beira do julgamento político”. Segundo o jornal,
a crise no Brasil está longe de acabar e o país se encontra com “uma
presidenta na porta da saída de emergência, um Congresso que festeja com
euforia o trauma político que divide o país, um oficialismo que define
como golpe um procedimento previsto pela Constituição e um eventual novo
mandatário também suspeito de corrupção”. Em resumo, o país vive três
crises de uma só vez: econômica, política e moral.
A imprensa chilena também destacou a
divisão no Brasil. “Luz verde ao julgamento politico contra Dilma e o
Brasil se parte em dois”, anunciou o jornal La Tercera. Segundo o El
Mercurio, ao votarem a favor do impeachment, os deputados federais
brasileiros “deixaram à beira do precipício a experiência mais
emblemática do ciclo de governos de esquerda da América Latina”.
Os jornais ABC Color, do Paraguai, e El
Pais, do Uruguai, também noticiaram na primeira página a derrota de
Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados e a continuação do processo de
impeachment no Senado.
O terremoto no Equador foi o principal
destaque no canal de televisão Telesur. O impeachment ficou em segundo
lugar, com o anúncio da derrota de Dilma na Câmara dos Deputados e as
incógnitas do futuro. Se o Senado também aprovar o impeachment, diz o
canal de televisão, “assumiria o poder o vice-presidente Michel Temer”
que, por sua vez, também pode ser submetido a um julgamento político,
“obrigando o país a antecipar as eleições presidenciais”.
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