O afastamento definitivo de Dilma
Rousseff, no julgamento que começa nesta quinta-feira (25), no Senado,
já deve estar “totalmente ou quase que totalmente” embutido nos preços
dos ativos brasileiros, avalia o economista-chefe do Goldman Sachs para
América Latina, Alberto Ramos, em um e-mail enviado nesta quinta.
O principal índice da bolsa brasileira,
por exemplo, acumula valorização de mais de 30% neste ano, refletindo o
otimismo do mercado financeiro com uma possível mudança de rumo no
comando político.
Com os preços praticamente já refletindo
a saída da petista, Ramos afirma que o mercado agora vai se focar na
“disposição e na capacidade” do governo de Temer de “acelerar e
aprofundar” o ajuste fiscal.
Por isso, as articulações do
peemedebista no Congresso para aprovar as medidas devem ganhar especial
atenção de investidores e analistas. “O fracasso para dar passos
tangíveis em direção à consolidação fiscal pode desencadear uma dinâmica
adversa do mercado”, afirma Ramos.
Para o economista do Goldman, o mercado
deve reagir positivamente em três situações. A primeira é que o governo
de Temer não ceda a pressões de grupos específicos para aumento de
gastos e outras concessões que possam comprometer as contas fiscais. O
segundo fator seria uma rápida aprovação no Congresso da proposta de
emenda constitucional que fixa um teto para o aumento das despesas
públicas, sem muitas mudanças no texto proposto pela equipe econômica.
Uma agenda forte de reforma da
previdência, com possibilidade de ser aprovada na primeira metade de
2017, é outro fator que pode desencadear reação positiva dos mercados,
ressalta o economista do Goldman.
Ramos acredita que o “fim da saga do
impeachment” de Dilma deve estimular o presidente em exercício, Michel
Temer, que passa a ser o presidente efetivo, a acelerar o ajuste fiscal e
propor medidas mais profundas. Contudo, o grau de apoio do peemedebista
no Congresso para a aprovação de propostas mais sensíveis e impopulares
ainda não está claro, avalia o economista. “Não ficaríamos surpresos de
ver o conteúdo e a estrutura de algumas medidas fiscais enfraquecidos
no Congresso.”
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