Oferecendo atenção e disponibilidade, o
Centro de Valorização da Vida (CVV) recebe mais de um milhão de contatos
de pessoas que relatam a vontade de desistir da própria vida. Os
motivos para alguém cometer suicídio são diversos, fim de um
relacionamento amoroso, as limitações advindas da velhice, e passam
também por questões financeiras. No momento em que país vive uma crise e
parte da população vive a ameaça da perda do emprego, especialistas
apontam que a situação financeira pode ativar pensamentos destrutivos.
Em agosto, casos de supostos suicídios
relacionados ao desemprego em São Paulo e no Rio de Janeiro foram
divulgados pela imprensa nacional. Em um deles, um homem de 43 anos
matou a esposa e os filhos de 7 anos e 10 anos e depois cometeu
suicídio. De acordo com as investigações policiais, ele estaria com
problemas no trabalho.
“Os momentos de maior risco são os três
primeiros meses. Depois disso, normalmente a pessoa se adapta, consegue
uma solução, e a ideia de suicídio vai embora”, afirma a coordenadora
da Comissão de Combate ao Suicídio da Associação Brasileira de
Psiquiatria, Alexandrina Meleiro.
A voluntária da CVV, Adriana Rizzo,
disse que, desde março, cresceu o número de pessoas relatando problemas
financeiros e dificuldades em lidar com a situação.
Ela destaca que em datas comemorativas,
como Natal, Páscoa, finados, as pessoas também buscam mais ajuda dos
voluntários do centro. “Nessas épocas mais comemorativas, normalmente
aumenta a procura. As pessoas se sentem um pouco mais sozinhas, às vezes
não têm mais a familia para estar junto, bate mais solidão e muitos
pensam em tirar vida nesses momentos”, relatou.
Para Adriana, entre as situações mais
marcantes estão as de indivíduos que se sentem sozinhos, apesar de
estarem cercados de familiares e amigos.“Muitas vezes ele não quer
conversar com quem está próximo por se sentir julgado, ou não ver
disponibilidade, interesse. A gente quer oferecer o apoio para que as
pessoas que pensam em se matar possam pensar diferente, possam mudar de
ideia. Às vezes conversando, elas conseguem achar um caminho, uma saída
para a situação em que se encontram”, conta Adriana.
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