Há três meses, poucos acreditavam que a figura mais emblemática do
cenário político brasileiro ficaria mais de uma semana na cadeia.
Cercado por milhares de apoiadores, na sede do Sindicato dos
Metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP), o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva fez o país parar a fim de acompanhar o desfecho de seu
embate com a Justiça.
Condenado a 12 anos e um mês de reclusão pelo Tribunal Regional
Federal da 4ª Região (TRF-4), acusado de ter recebido um apartamento
como propina da construtora OAS, o petista está há 90 dias encarcerado
em uma cela na Superintendência da PF em Curitiba. Mas ainda briga para
manter a candidatura à Presidência, e mantém a estratégia de criticar a
Justiça.
As atividades cotidianas do ex-presidente se resumem ao deslocamento
solitário pelos 15 metros quadrados da Sala de Estado Maior no quarto
andar do prédio da PF na capital paranaense. Ele é acordado todos os
dias por um grupo de cerca de 50 apoiadores que, do lado de fora, cantam
e gritam palavras de ordem.
Em cartas lidas pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-RS), que se tornou
uma espécie de porta-voz dele, Lula confirma que ouve os gritos entoados
a poucos metros do local onde cumpre pena. Nos últimos três meses, os
advogados do petista apresentaram diversos recursos para tentar
libertá-lo. Desde a condenação em primeira instância pelo juiz Sérgio
Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, eles já apresentaram 78 recursos
ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e ao Supremo Tribunal Federal
(STF).
Atualmente, a esperança é um pedido de liberdade que pode ser julgado
no plenário do Supremo. Mas isso só deve ocorrer em agosto, após o
recesso do Poder Judiciário. O professor Leonardo Pantaleão,
especialista em direito penal, afirma que a situação do ex-presidente é
complicada.
Mesmo preso, Lula lidera as pesquisas de intenção de voto nas
eleições deste ano. O Partido dos Trabalhadores (PT) informou que o
pedido de registro de candidatura dele será apresentado em 15 de agosto.
No entanto, ele ainda precisará enfrentar julgamento no Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Por ter sido condenado pelo TRF-4, um tribunal
colegiado, Lula se enquadra em um dos artigos da Lei da Ficha Limpa,
que torna candidatos inelegíveis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário