domingo, julho 05, 2020

Reabertura avança, mas 10 mil escolas públicas não têm nem água limpa.

O Brasil que constrói protocolos de segurança sanitários prevendo álcool em gel para combater a Covid-19 nas escolas ainda não conseguiu universalizar o acesso à água limpa nas unidades de educação pública. São quase dois milhões de alunos em colégios nessas condições, aponta levantamento realizado por O GLOBO nos dados do Censo Escolar de 2019. Lavar as mãos em água limpa com sabão é a mais básica recomendação para combater o coronavírus.

— O uso de água que não seja potável pode levar à exposição de uma série vírus e bactérias e ocasionar outras doenças transmitidas pela água — avalia Rómulo Neris, doutorando em imunologia na UFRJ.

A pandemia do novo coronavírus escancarou desigualdades educacionais no Brasil. Enquanto alunos de colégios privados rapidamente migraram para o ensino remoto com ferramentas digitais, estudantes de escolas públicas se viram sem equipamentos ou acesso à internet para prosseguirem seus estudos de casa. Só em São Paulo, mais da metade da rede estadual não acessa as ferramentas.

Do ponto de vista sanitário, a Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) afirma que as unidades privadas de ensino já estão prontas para receberem novamente os estudantes com equipamentos de segurança, como álcool em gel e máscaras. Enquanto isso, há 10.685 mil escolas públicas (3.347 estaduais e 7.338 municipais) sem água potável.

— É um absurdo o Estado manter uma instituição educativa sem essa condição mínima. Se ela não tem água potável, o que será que ela tem? E que possibilidades terá para ensinar essas crianças? — afirma Catarina Santos, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.

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