O
Brasil que constrói protocolos de segurança sanitários prevendo álcool
em gel para combater a Covid-19 nas escolas ainda não conseguiu
universalizar o acesso à água limpa nas unidades de educação pública.
São quase dois milhões de alunos em colégios nessas condições,
aponta levantamento realizado por O GLOBO nos dados do Censo Escolar de
2019. Lavar as mãos em água limpa com sabão é a mais básica recomendação
para combater o coronavírus.
— O uso de água que não seja potável pode levar à exposição de uma
série vírus e bactérias e ocasionar outras doenças transmitidas pela
água — avalia Rómulo Neris, doutorando em imunologia na UFRJ.
A pandemia do novo coronavírus escancarou desigualdades educacionais
no Brasil. Enquanto alunos de colégios privados rapidamente migraram
para o ensino remoto com ferramentas digitais, estudantes de escolas
públicas se viram sem equipamentos ou acesso à internet para
prosseguirem seus estudos de casa. Só em São Paulo, mais da metade da
rede estadual não acessa as ferramentas.
Do ponto de vista sanitário, a Federação Nacional das Escolas
Particulares (Fenep) afirma que as unidades privadas de ensino já estão
prontas para receberem novamente os estudantes com equipamentos de
segurança, como álcool em gel e máscaras. Enquanto isso, há 10.685 mil
escolas públicas (3.347 estaduais e 7.338 municipais) sem água potável.
— É um absurdo o Estado manter uma instituição educativa sem essa
condição mínima. Se ela não tem água potável, o que será que ela tem? E
que possibilidades terá para ensinar essas crianças? — afirma Catarina
Santos, professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília.
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