Uma investigação da Polícia Civil pode fazer cair algumas máscaras que
tomaram as ruas da cidade. Iniciado há cinco meses, o levantamento
indica que pessoas teriam sido recrutadas, inclusive fora do estado,
para atuar em atos como o Ocupa Cabral e o Ocupa Câmara. Para isso,
teriam recebido dinheiro, alimentação e transporte. Pelo menos seis
desses ativistas desembarcaram no Rio ano passado, vindos de estados do
Norte e do Nordeste. O grupo teria se infiltrado, inicialmente, em
entidades de direitos civis e outras ONGs. A partir de junho deste ano,
quando começou a onda de protestos, passou também a atuar nas
manifestações. Alguns nomes já aparecem vinculados a partidos políticos,
como o PR.
O caso é tratado sob sigilo pelo Departamento Geral de Polícia
Especializada, e a preocupação é reunir evidências suficientes antes de
avançar sobre os suspeitos, para não alimentar a ideia de uma
contraofensiva, também de natureza partidária. O trabalho reúne equipes
de policiais da Coordenadoria de Informações e Inteligência (Cinpol) e
da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI). Os
depoimentos prestados e as apreensões feitas nos últimos meses,
inclusive de computadores de pessoas detidas durante e após
manifestações violentas, dão sustentação à investigação. Até agora, já
são 349 detidos, dos quais 116 foram autuados em flagrante por porte de
explosivos, desacato, desobediência, agressão e ameaça, além de danos ao
patrimônio público e privado.
Atuação nos bastidores
As
informações, no entanto, apontam para um personagem do PR, que nunca
foi detido, mas que vem tendo atuação intensa nos bastidores dos
protestos e só recentemente foi identificado pelos policiais. É
Sebastião Rodrigues Machado Júnior, até pouco tempo só mencionado em
informes como Nayt, seu apelido. Ligado ao ex-governador Anthony
Garotinho, ele é lotado, desde janeiro deste ano, no gabinete do
deputado estadual Geraldo Pudim (PR), no cargo de assessor parlamentar. É
aliado de primeira hora desde que o grupo de Garotinho era do PMDB.
Quando Clarissa Garotinho era presidente da Juventude do PMDB, Nayt foi
presidente da Executiva Provisória do PMDB Afrobrasileiro.
Nayt
já teve problemas com a polícia e foi indiciado duas vezes por
estelionato. O assessor é acusado de passar cheques sem fundos e de
ameaçar uma das vítimas, que recorreu à polícia. Em depoimento, ela
ressaltou que Nayt se identificou como policial e matador.
O
monitoramento feito pela Polícia Civil sobre a atuação dos manifestantes
ligados ao esquema capitaneado por Nayt revela um lado pouco
ideológico, inclusive com informes sobre o pagamento de R$ 450 a algumas
das pessoas que participaram dos protestos.
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