Defensores de direitos humanos alegam que Constituição não pode ser alterada para reduzir a maioridade penal
Um assunto polêmico que causa debates
acalorados na sociedade entra na pauta do Senado esta semana. A Comissão
de Constituição e Justiça (CCJ) começa a discutir, amanhã (12), a
redução da maioridade penal. O relator, senador Ricardo Ferraço
(PMDB-ES), deu parecer favorável a uma proposta apresentada pelo líder do PSDB na Casa, Aloysio Nunes
Ferreira (SP), que permite que adolescentes maiores de 16 anos e menores
de 18 sejam julgados como adultos, conforme a gravidade do caso.
Ferraço rejeitou outras cinco
proposições, que reduziam a maioridade penal para 16, 15 e até 13 anos
de idade. Na avaliação do relator, a sugestão de Aloysio Nunes
representa um meio-termo ao prever situações de maior gravidade em que o
adolescente será julgado como maior de idade.
O peemedebista diz que a redução
automática da maioridade, como propõem as demais proposições, não acaba
com a possibilidade de adultos utilizarem crianças e adolescentes para
escaparem de punições. “Se hoje são recrutados jovens de 16 ou 17 anos,
diminuída a maioridade penal para 16 ou 15 anos, seriam recrutados
jovens de 15 ou 14, em uma lógica contraproducente e marcadamente
injusta”, afirma Ferraço em seu parecer.
Pela proposta de Aloysio, a redução da
maioridade será aplicada apenas para tortura, terrorismo, tráfico de
drogas e crimes hediondos ou para casos de reincidência em lesão
corporal ou roubo qualificado.
Nesses casos, a redução da maioridade
terá de obedecer alguns critérios. O pedido para que adolescente
responda criminalmente como adulto terá de partir de área especializada
em infância e adolescência do Ministério Público. A decisão também
caberá a juízes especializados no assunto.
Pela proposta, ao examinar o pedido do
Ministério Público, o magistrado terá de levar em conta a capacidade de
compreensão do jovem infrator sobre o caráter criminoso de sua conduta,
conforme laudo técnico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário