Passado o segundo turno das eleições, a
situação financeira das prefeituras virá à tona. De 3.155 municípios que
informaram o quadro de suas finanças ao Tesouro Nacional, 2.442, ou
77,4%, já estão com as contas no vermelho, segundo levantamento feito
pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). E a situação vai piorar
até o fim do ano, com a contínua queda da arrecadação, deixando a bomba
fiscal para a próxima administração.
Ao contrário dos governadores, que alardearam nos últimos meses a
crise sem precedentes nos seus cofres para ganhar mais dinheiro do
governo federal, as prefeituras empurraram os problemas para debaixo do
tapete durante a campanha eleitoral – não é exatamente um trunfo
eleitoral mostrar que as finanças estão descontroladas.
Os futuros prefeitos, que vão herdar o rombo – no caso dos reeleitos,
deles mesmos -, fizeram uma romaria nos últimos dias pelos gabinetes do
Congresso em busca de dinheiro para 2017. Mas, com o teto de gastos já
aplicado ao Orçamento federal do ano que vem, se depararam com uma
grande dificuldade em emplacar seus pedidos de emendas aos deputados e
senadores.
As informações prestadas pelos municípios ao Tesouro não são
obrigatórias. Por isso, boa parte dos 5.570 prefeitos não as enviam.
Mesmo assim, o levantamento representa o retrato mais amplo disponível
sobre as finanças das prefeituras. Ao analisar por Estados, todos os
municípios do Amazonas e do Rio que divulgaram as informações estão no
negativo. Em São Paulo, 402 prefeituras registram déficit. No Rio Grande
do Sul, o quadro não é muito diferente, com 371 cidades nessa situação.
“A bomba já estourou e vai ficar pior até o final do ano. No período
eleitoral, quem vai dizer que está mal?”, diz o presidente da CNM, Paulo
Ziulkoski. Segundo a confederação, 576 delas estão atrasando salários.
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