O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse em depoimento à Polícia
Federal que o presidente da República, Michel Temer, o “enquadrou” no
intuito de encontrar uma “saída” para obra de interesse do ministro
Geddel Vieira Lima(Secretaria de Governo) em Salvador (BA), relata a
Folha de S. Paulo.
Na semana passada, Calero pediu demissão e acusou Geddel, em
entrevista à Folha, de “pressioná-lo” para o que o órgão de patrimônio
vinculado ao Ministério da Cultura liberasse o projeto imobiliário, onde
o ministro adquiriu uma unidade.
No depoimento, Calero afirma que as pressões não cessaram após o
Iphan finalmente dar parecer contrário ao empreendimento, o que ocorreu
em 16 de novembro.
Segundo ele, esse foi o estopim para que sacramentasse a sua demissão.
“Que na quinta, 17, o depoente foi convocado pelo presidente Michel
Temer a comparecer ao Palácio do Planalto; que nesta reunião o
presidente disse ao depoente que a decisão do Iphan havia criado
‘dificuldades operacionais’ em seu gabinete, posto que o ministro Geddel
encontrava-se bastante irritado.”
Calero prossegue: “Que então o presidente disse ao depoente para que
construísse uma saída para que o processo fosse encaminhado à AGU
[Advocacia-Geral da União], porque a ministra Grace Mendonça teria uma
solução”, relatou Calero, segundo a transcrição do depoimento enviado ao
Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria-Geral da República.
O ex-ministro da Cultura afirma que Temer encarou com normalidade a
pressão de Geddel, articulador político do governo e há mais de duas
décadas amigo próximo do presidente da República.
“Que, no final da conversa, o presidente disse ao depoente ‘que a política tinha dessas coisas, esse tipo de pressão’.”
O ex-ministro afirma ter se sentido “decepcionado” pelo fato de o
próprio presidente não ter lhe dado retaguarda e tê-lo “enquadrado”.
“Que, então, sua única saída foi apresentar seu pedido de demissão”, declarou Marcelo Calero.
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